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Encontro entre representantes dos Poderes ocorreu após decisão do STF que suspendeu execução de emendas. Ministros e chefes do Legislativo participaram de almoço institucional. Representantes dos Três Poderes em reunião sobre emendas parlamentares no STFHenrique Raynal/Casa CivilO Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nota nesta terça-feira (20) em que afirma que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário chegaram a um consenso de que as "emendas parlamentares deverão respeitar critérios de transparência, rastreabilidade e correção".A nota foi divulgada após reunião entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e representantes do governo sobre o impasse em torno do pagamento das emendas parlamentares. A ideia da reunião, segundo ministros do STF, foi buscar uma solução constitucional e de consenso sobre o assunto (entenda mais abaixo). Na semana passada, o plenário do STF confirmou por unanimidade uma decisão individual do ministro Flávio Dino que suspendeu a execução das emendas impositivas e impôs restrições para as chamadas "Emendas PIX". Esse tipo de emenda é feita diretamente para estados e municípios sem transparência e sem a necessidade da apresentação de projeto.STF, Congresso e Governo tentam acordo sobre emendas parlamentaresParalelamente, Dino solicitou que o Executivo e o Legislativo criassem regras que aumentassem a transparência e a rastreabilidade das emendas.Nesse contexto, Lira enviou, também na semana passada, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) uma proposta que limita decisões individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Movimentações nos bastidoresAntes da reunião desta terça, Arthur Lira se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e, na sequência, com Rodrigo Pacheco. Pacheco, por sua vez, se encontrou com líderes do governo no Senado. A movimentação dos dois foi para afinar o discurso.Lira estaria disposto a concordar com o fim das Emendas PIX. E também que as emendas de bancada (paga às bancadas estaduais) sejam atreladas a programas do governo.Mesmo assim, o presidente da Câmara entende que emendas de comissão (outra modalidade de emenda parlamentar, essa paga para comissões no Congresso) não podem ir só para programas do governo nos estados.Por que o Congresso briga tanto pelas emendas?As emendas não representam só dinheiro. Junto com elas, vem poder, prestígio e possibilidades políticas.Os parlamentares não querem abrir mão de nenhum pedaço desse poder, ainda mais considerando que, nos próximos meses, há duas eleições muito importantes no calendário: as eleições municipais, em outubro; e as eleições para presidência da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que vem.O poder de quem distribuiEm um ambiente com critérios pouco claros sobre para qual parlamentar vai determinada emenda, ganha muito poder aquele líder político que faz a função da distribuição. Hoje, esse papel está com líderes partidários e com a cúpula da Câmara e do Senado.Ter a proximidade com esses líderes significa ter acesso às emendas. Isso cria uma força política para determinada aliança.Lembrando que todos parlamentares estão buscando eleger o maior número de prefeitos aliados e também de eleger, para as presidências da Câmara e do Senado, um político próximo de seu grupo.Miriam Leitão: 3 poderes em busca do diálogo institucionalLEIA MAIS:Congresso tem mais poder que Ministério da Saúde sobre gastos com assistência hospitalar e atenção básicaEmendas: em reunião, Lira dirá que Congresso aceita dar mais transparência, mas cobrará o mesmo de Executivo e JudiciárioGoverno vê chance para retomar controle de emendas e garantir aplicação em políticas públicasImpacto nos municípiosPoder enviar recursos das emendas diretamente para o caixa do município de um correligionário é um grande trunfo para qualquer parlamentar.Assim, ele consegue fortalecer o próprio nome no município e também contribuir para obras e projetos que poderão ser capitalizados politicamente por seus aliados. É uma arma poderosa para se sair bem nas eleições municipais deste ano e, daqui a dois anos, nas eleições gerais.Força perante o governoSe o Congresso tem acesso a grandes fatias do Orçamento, e o governo, ainda por cima, é obrigado a pagar, os parlamentares se tornam muito mais livres de qualquer necessidade de negociação com o poder Executivo.Isso dá ao Congresso mais poder de barganha. Para o governo, por outro lado, o poder de barganha fica menor.Se congressistas não precisam tanto do governo para ter dinheiro, podem pedir cargos para o Executivo sem precisar dar muito em troca. O governo, por sua vez, precisa entregar cada vez mais exigências se quiser ver seus projetos aprovados.