G1 - PolÃtica
Lula tem dito que quer a participação de Lopes Obrador (México) e Gustavo Petro (Colômbia) na ligação. Quanto mais o tempo passa e a Venezuela não mostra as atas, mas delicada fica a situação do Brasil. O presidente Nicolás Maduro se dirige a apoiadores reunidos em frente ao palácio presidencial de Miraflores depois que as autoridades eleitorais o declararam vencedor das eleições presidenciais na VenezuelaAP Photo/Fernando VergaraNeste domingo (11), a eleição presidencial na Venezuela completa exatamente duas semanas.Até agora, não foi apresentada pelas autoridades a totalidade das atas de votação — espécie de boletim das urnas.Com isso, o resultado segue sob desconfiança da comunidade internacional e acusações de fraude por parte da oposição e de alguns países. O resultado oficial foi que de o atual presidente, Nicolás Maduro (no poder desde 2013), venceu com 52% dos votos. Mas a oposição alega que o vencedor, na verdade, foi o candidato oposicionista Edmundo González.A postura do Brasil, nestes 15 dias, vem sendo a mesma: concentrar esforços diplomáticos para insistir que a Venezuela apresente as atas. Só então, a depender do que as atas mostrarem, o país reconheceria ou não a reeleição de Maduro.Para estes próximos dias, é esperada uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Maduro. Mas Lula avisou ministros de sua equipe, em uma reunião na quinta-feira (8), que só vai falar com o presidente venezuelano se os presidentes Lopes Obrador, do México, e Gustavo Petro, da Colômbia, também participarem da ligação. Brasil, México e Colômbia têm discutido entre si maneiras de a Venezuela apresentar as atas e garantir a ordem democrática no país vizinho. A situação de Lula nesse caso é delicada. Ele é um aliado histórico de Maduro. Mas vem sendo cobrado, dentro e fora do país, a não aceitar fraude na eleição venezuelana, em nome da democracia.Quanto mais passa o tempo e as atas eleitorais não aparecem, mais o presidente e o governo brasileiro perdem o argumento de que só vão se posicionar após os documentos serem apresentados. Além disso, Lula perde em popularidade quando sua imagem é associada a Maduro e, consequentemente, ao impasse eleitoral na Venezuela. 'Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave', diz Celso Amorim, assessor especial de Lula, sobre a VenezuelaLEIA TAMBÉM:Suprema Corte venezuelana inicia auditoria de resultado da eleição e diz que decisões do tribunal serão 'inapeláveis'O que são as atas eleitorais, centro da contestação da vitória de Maduro na VenezuelaConselho Nacional Eleitoral da Venezuela diz que Nicolás Maduro venceu a eleição; oposição contestaGoverno brasileiro avisaDe acordo com o blog da Daniela Lima, o governo brasileiro avisou a Venezuela que não reconhecerá a eleição de Nicolás Maduro sem que haja a publicação das atas de todas as urnas usadas na disputa.O recado é importante porque a Suprema Corte de Justiça da Venezuela anunciou neste sábado (10) que iniciou a análise das atas — e que sua decisão será inapelável. O problema é que o regime chavista interferiu sistematicamente no tribunal, que deixou de ser uma fonte confiável, avalizando inclusive a prisão de detratores do ditador.O governo brasileiro não fará qualquer juízo de valor sobre a atuação da Corte, mas já avisou que, sem que as atas sejam tornadas públicas, não há como abonar o discurso de vitória de Maduro. Suprema Corte da Venezuela O presidente da Venezuela chegou a visitar a Suprema Corte na última sexta-feira (9), devido à crescente pressão internacional. Maduro pediu para validar sua questionada reeleição, acusada de fraude pela oposição.A Suprema Corte já havia realizado uma sessão para auditoria dos resultados no último 2. Na data, oito dos nove candidatos presentes assinaram um documento dizendo que concordam com os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral. A assinatura foi uma tentativa de Maduro de "dar um verniz legal às eleições", segundo o comentarista da GloboNews Ariel Palácios.