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'Uma mulher que não tem profissão, se ela não tomar cuidado, o marido vai agredi-la,' diz Lula em evento no Ceará

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Por André Miranda

03/08/2024 às 16:27:06 - Atualizado há
A declaração foi dada durante anúncio da expansão do Programa Pé-de-Meia, em Fortaleza (Ceará). Nesta semana, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, fez comentários sobre as gafes cometidas pelo presidente Lula a respeito das mulheres. Elmano de Freitas, Lula e Camilo Santana em evento da ampliação do programa Pé-de-Meia.

Kid Junior/Sistema Verdes Mares

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (2) que é importante as mulheres terem um trabalho pois, sem profissão, elas ficam dependentes dos homens e, assim, ficam suscetíveis a agressões.

A declaração foi dada durante anúncio da expansão do Programa Pé-de-Meia, em Fortaleza (Ceará). O programa contempla um incentivo financeiro para promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio.

"O que é um homem sem profissão? O que é uma mulher sem profissão? Uma mulher sem profissão, ela vai ficar a vida inteira dependente dos outros. Uma mulher que não tem profissão, ela vai casar e, se ela não tomar cuidado, o marido vai agredi-la. E ela vai ficar com esse marido agredindo porque precisa dar comida para os filhos. Ninguém pode viver com alguém que seja violento com mulher. Por isso que é importante uma profissão", declarou Lula.

De acordo com o presidente, quando as mulheres têm emprego, vão morar com um companheiro, ou vai ter uma companheira, "você vai ter o que você quiser, porque você ama, porque você gosta, e não porque você precisa de um prato de comida, ou porque você precisa de um pedaço de chão para morar".

"Por isso, uma mulher que é bem formada, se chegar em casa e o marido for daqueles ranzinzas, que só sabem reclamar, e começar a xingar. Vocês falem para ele: 'olha, meu filho, é o seguinte, eu não sou sua empregada. Eu não sou sua filha, eu sou sua mulher. Se você não me tratar com respeito, eu vou embora'", acrescentou Lula.

Ministra das Mulheres

Também nesta sexta, a ministra das mulheres, Cida Gonçalves, defendeu que a luta contra o feminicídio no país depende também de uma mudança de comportamento da sociedade brasileira, inclusive, com o combate a falas e 'piadas' machistas.

A chefe da pasta comentou, durante um café com jornalistas nesta manhã, as gafes cometidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista fez declarações inapropriadas sobre mulheres em discursos públicos recentemente.

Em julho, Lula chegou a afirmar que considera "inacreditável" o aumento da violência contra a mulher após jogos de futebol, mas disse que "se o cara é corinthiano, tudo bem", durante uma reunião no Palácio do Planalto.

Cerca de um mês antes, o presidente também alegou ter dito a uma mulher de 25 anos, mãe de três filhos, que ela deveria parar de ter crianças, durante um evento de entrega de obras do programa Minha Casa Minha Vida.

Cida Gonçalves afirmou que pretende conversar com o presidente, assim que encontrá-lo, para lembrar que "piadinha, nem o presidente da República", declarou.

"A pessoa decide fazer uma piadinha porque acha que com essa piadinha melhora as coisas, né? Diminui o impacto da notícia do que você está dando. Aí o que eu tenho dito é, que piadinha nem o presidente da República. Não dá para aceitar piadinha de nada nem de ninguém", frisou a ministra.

Ela então completou: "Eu vou falar para ele, quando eu encontrar com ele – acho que a [primeira-dama] Janja já falou, e muitas mulheres também devem ter falado – mas nós precisamos fazer uma mudança de comportamento e de cultura, das formas com que nós trabalhamos e pensamos".
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