Além de homem que já é réu no STF, perícia aponta que outro invasor destruiu peça histórica de Balthazar Martinot trazida por Dom João VI. Os dois ataques foram em 8 de janeiro de 2023. Uma perícia realizada pela Polícia Federal nas imagens do circuito interno do Palácio do Planalto identificou que o relógio histórico de Balthazar Martinot foi danificado em dois momentos diferentes durante os ataques do dia 8 de janeiro de 2023.
A obra, trazida por Dom João VI para o Brasil em 1808, virou um dos símbolos dos atos golpistas na sede da Presidência. O relógio é feito de casco de tartaruga e com um bronze que não é fabricado há dezenas de anos. No começo deste ano, a peça foi enviada para restauro na Suíça.
De acordo com o laudo, os manifestantes ocuparam o 3º andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabiente do presidente Lula, por volta de 15h30. Três minutos depois, o relógio foi vandalizado pela primeira vez.
O momento foi gravado pelas câmeras de segurança. O invasor, vestido com uma blusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi flagrado jogando o objeto no chão. Em seguida, ele atira um extintor de incêndio e tenta quebrar a câmera de segurança.
Ele foi identificado como Antônio Cláudio Alves Ferreira e está preso.
Veja como ficou relógio raro, do século 17, destruído em ataque terrorista no Palácio do Planalto
É #FAKE que relógio do século XVII foi destruído antes da invasão ao prédio
Antônio é réu no Supremo por crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima.
Relembre no vídeo abaixo esse primeiro ataque:
PF prende homem que destruiu relógio de Dom João VI durante os ataques em Brasília
A PF apontou que, após Ferreira jogar o relógio no chão, um homem e uma mulher colocam o armário que apoia a peça no lugar. Em seguida, devolvem o relógio para o local.
Minutos depois, um homem usando chapéu camuflado, camisa da seleção brasileira e uma bandeira do Brasil amarrada começa a circular no terceiro andar. O invasor se aproxima da peça e, 16h12, volta a jogar o relógio no chão.
O homem não foi identificado no relatório. Na sequência, manifestantes continuam circulando e agentes de segurança chegam a fazer dois disparos com arma de fogo contra os golpistas, mas deixam o local, que volta a ser ocupado pelos invasores.
Veja, nas fotos abaixo, os momentos em que o relógio é colocado de volta no móvel e, em seguida, derrubado novamente:
Primeiro, um casal de rostos cobertos levanta o relógio que tinha sido derrubado por Antônio Cláudio Alves Ferreira:
Manifestantes recolocam relógio histórico do Palácio do Planalto em móvel, após primeiro ataque
PF/Reprodução
Esta imagem mostra o relógio de volta ao móvel:
Relógio histórico do Palácio do Planalto recolocado em móvel, após primeiro ataque
PF/Reprodução
Pouco tempo depois, um segundo manifestante, de chapéu e uma bandeira do Brasil enrolada, derruba o relógio pela segunda vez:
Manifestante não identificado ataca relógio histórico do Palácio do Planalto
PF/Reprodução
A imagem abaixo mostra o relógio no chão, com peças espalhadas, após o segundo ataque:
Relógio histórico do Palácio do Planalto no chão, com peças espalhadas
PF/Reprodução
Peça rara
O relógio de pêndulo do século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Balthazar Martinot era o relojoeiro do rei francês Luís XIV.
Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, na França, mas possui a metade do tamanho da peça que foi destruída pelos invasores do Planalto.
O valor do relógio não foi informado.
Veja outras obras danificadas no Palácio do Planalto:
"As mulatas", de Di Cavalcanti: quadro foi encontrado com sete rasgos e peça tem valor está estimado em R$ 8 milhões.
"O Flautista", de Bruno Jorge: avaliada em R$ 250 mil, a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.
"Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo: a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o térreo do Planalto.
Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg: avaliada em R$ 300 mil, a peça teve galhos quebrados.
Mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek: a mesa foi usada como barricada pelos terroristas.
Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues: o móvel teve o vidro quebrado.