G1 - PolÃtica
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, publicou um texto na noite desta quarta-feira (13) nas redes sociais para defender o que chamou de "orientações" do governo federal para os membros do Conselho de Administração da estatal.A postagem surge após dias de turbulências e atritos por causa da distribuição de dividendos da Petrobras, reduzida em relação a anos anteriores a pedido do governo, que é sócio-controlador da petroleira. O termo "dividendo" se refere à parte do lucro que é distribuída aos acionistas. A Petrobras vai distribuir R$ 14,2 bilhões em dividendos ordinários (pagamento mínimo), mas decidiu reter os chamados dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões.O post nas redes sociais surge, também, após Jean Paul Prates se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta quarta para selar um "cessar-fogo".Interlocutores dos dois lados afirmaram ao blog que a conversa atendeu a um pedido de Lula e teve o objetivo de acabar com o clima de guerra dentro do governo, que vinha gerando mais insatisfação entre os investidores da Petrobras.Logo após a reunião, Prates usou o X (antigo Twitter) para dizer que "falar em intervenção na Petrobras é querer criar dissidências, especulação e desinformação".Segundo Prates, é preciso compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro e que isso não pode ser visto como intervenção."É legítimo que o Conselho de Administração se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros [...] foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários", diz o post de Jean Paul Prates.Leia também:Petrobras registra lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023, redução de 33,8% na comparação com 2022Petrobras: entenda a polêmica dos dividendosDividendos extraordinários retidosNa semana passada, os integrantes do Conselho e Administração da Petrobras indicados pelo governo votaram contra a proposta da diretoria de distribuir R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários, além dos ordinários. A decisão foi por manter esses recursos numa reserva, para posterior distribuição.A decisão disparou uma guerra dentro do governo opondo a diretoria da Petrobras e os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia, que defenderam a não distribuição para que a empresa tivesse mais caixa e condições de contrair empréstimos no mercado para seus investimentos. Prates se absteve, gerando mal-estar no governo. A Lula, ele explicou que não poderia votar contra uma proposta de sua diretoria.Lula fez críticas abertas aos acionistas privados da Petrobras, afirmando que eles deveriam pensar também no país e não ficar só defendendo mais distribuição de dividendos. Depois, o presidente da República recebeu do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a explicação de que os dividendos extraordinários não podem ser usados para investimentos por conta da Lei das Sociedades Anônimas.As críticas geraram um clima de irritação e insatisfação no mercado, afetando a cotação das ações da empresa. Uma ala do governo avaliou que a guerra foi mal conduzida pelo presidente Lula, que acabou passando a mensagem de que o governo quer intervir na definição dos negócios da estatal. O que acabou sendo mais potencializado ainda por conta das críticas que Lula fez recentemente à Vale e pelas pressões do governo para troca do atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo.Governo sinaliza que pode rever decisão de reter dividendos extraordinários da Petrobras