G1 - PolÃtica
A Câmara dos Deputados ameaçou só liberar a MP 1185 – que trata das subvenções estaduais de impostos federais – para os senadores votarem depois que o governo Lula acertar a inclusão de R$ 11,8 bilhões em emendas de comissão, verba do extinto orçamento secreto e que foi transformada em outras rubricas neste ano. Os deputados descobriram neste início de semana que o governo não incluiu essas verbas na proposta de Orçamento da União de 2024, o que gerou reação do Legislativo. A medida criou um conflito entre o grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com o Palácio do Planalto. O argumento de alguns assessores presidenciais é que o governo "esqueceu" de incluir os valores. Outros assumiram que o Planalto avaliou que essa verba deveria ficar com o Novo PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] e, se os parlamentares quisessem, poderiam apadrinhar esses projetos.Os líderes não aceitaram e ameaçaram não liberar para o Senado a MP 1185, que pode render R$ 35 bilhões ao governo em 2024, e é considerada a mais importante para o equilíbrio das contas públicas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ficou acertado na segunda (18) que o governo terá de encontrar uma solução para o caso, na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, agendada para esta terça (19) em sessão do Congresso Nacional. Somente depois é que a MP 1185 seria votada em sessão do Senado, no mesmo dia. Os deputados já aprovaram na semana passada a medida, que vai proibir que estados concedam benefícios fiscais que podem ser abatidos do cálculo de impostos federais quando forem gastos de custeio. Só será admitido o benefício para verbas de investimento.Câmara aprova MP que altera regras de tributação de incentivos fiscais concedidos por estadosProjeto de OrçamentoA Lei de Diretrizes Orçamentárias manteve a meta fiscal de déficit zero, com possibilidade de até R$ 28 bilhões em déficit, equivalente a 0,25% do PIB. O projeto prevê cerca de R$ 48 bilhões em emendas parlamentares, sendo R$ 37 bi de pagamento obrigatório. E os parlamentares querem lançar mais R$ 11,8 bi de comissões, que não são impositivas, ou seja, não tem repasse obrigatório.O governo Lula não queria aprovar essas emendas de comissões por entender que elas vão reduzir as verbas para investimentos, principalmente do Novo PAC. Para garantir essas emendas no Orçamento, a equipe de Lula terá de fazer cortes no programa e em outras áreas.A reclamação do governo é que o Congresso segue querendo comandar boa parte dos investimentos. A expectativa é que em 2025 o Palácio do Planalto consiga reduzir as verbas de emendas parlamentares, já que não é ano eleitoral.