Nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (17) mostra cenário praticamente inalterado em votos válidos, com vantagem para prefeito, que tenta administrar o tempo sem criar fatos novos. O candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) (e), e o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), participam do primeiro debate do segundo turno das eleições municipais 2024, promovido pela Band, no estúdio da emissora no bairro do Morumbi, na capital paulista, na noite da segunda-feira, 14 de outubro de 2024.
FELIPE MARQUES/ZIMEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A tempestade que deixou milhões de pessoas sem luz em São Paulo e Região Metropolitana até pode ter mexido com o ânimo do eleitor, mas não se mostrou capaz de impactar a projeção de votos válidos, os que contam para a Justiça Eleitoral, na disputa pela capital paulista.
A vantagem do prefeito, Ricardo Nunes (MDB), segue em patamar confortável (51% contra 33% de Guilherme Boulos, do PSOL) nas intenções de votos. O movimento "relevante" - alerta de ironia - foi uma oscilação de quatro pontos percentuais para baixo no índice de Nunes, mas os votos não foram para Boulos, e sim para brancos e nulos, o que deixa o cenário principal, dos válidos, quase inalterado.
Diante disso, Nunes joga pelo empate. Como disse um aliado, secretário municipal, recentemente: "Para o intendente, para quem quer a reeleição, empate é goleada".
Decorre daí a decisão de Nunes em cancelar a participação em debates e de desviar uma eventual nova gestão de crise energética na capital para o gabinete do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que assumiu a posição de coordenador de medidas emergenciais para as novas tempestades que são esperadas para o fim de semana.
Ricardo Nunes (MDB) no estúdio do SP2
Reprodução/TV Globo
O prefeito de São Paulo, que passou os últimos sete dias mostrando uma rotina de trabalho intenso nas redes sociais para retomar o abastecimento de luz em áreas da capital, conscientemente assumiu posição periférica.
A estratégia é blindar Nunes. Colocar Tarcísio no olho do furacão, se ele vier, e deixar o candidato à reeleição em posição secundária, esperando pelo empate.
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Guilherme Boulos (PSOL) foi sabatinado no SP2
Reprodução/TV Globo
Para Guilherme Boulos, a situação é a oposta. A nove dias do segundo turno, o candidato do Psol sabe que só uma hecatombe muda o jogo em São Paulo. Neste fim de semana há tempestade, mas a primeira edição já não se mostrou suficientemente forte a ponto de demolir o principal obstáculo de Boulos, que não é Nunes, mas a própria rejeição.
A última pesquisa Datafolha mostra que a aversão de uma parte do eleitorado a Boulos permanece inalterada - e que nem todo o eleitorado lulista migrou para ele.
Mas o jogo só acaba quando termina na política, assim como no futebol. Que receita quase milagrosa Boulos precisa conseguir?
O candidato do Psol contará com Lula neste fim de semana. Precisa que o ato seja forte o suficiente para inspirar eleitores que ganham até dois salários mínimos e que estão com Nunes a mudarem de rumo, algo que ainda não aconteceu até aqui.
Boulos também precisaria convencer parte dos quase 27% de eleitores que não saíram de casa para votar no primeiro turno a irem às urnas - e por ele.
Mais: precisaria ainda ter um desempenho magistral e contar com uma mancada daquelas do rival no debate mais importante da corrida eleitoral, o da TV Globo, na sexta que vem.
São muitos "se" nessa equação. Hoje, o jogo está favorável a Nunes, que vai apostar na estratégia do quanto menos notícia, melhor.