G1 - Política
Na terça, presidente da Aneel disse que negócio poderia ser anulado caso fosse derrubada a decisão judicial que garantiu termos mais favoráveis à J&F. Medida provisória que dá condições a toda essa negociação perde validade nesta quinta. Funcionário da Amazonas Energia, em imagem de arquivoAmazonas Energia/DivulgaçãoA Âmbar Energia, do grupo J&F, se recursou a assinar o contrato para assumir o controle da distribuidora do Amazonas, a Amazonas Energia, nos termos do despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) -- que permitiu o negócio por força de uma ordem judicial.A Aneel havia oficiado a Âmbar a assinar o contrato até às 12h desta quarta-feira (9), mas a empresa decidiu entrar com um recurso para a Aneel dar uma solução administrativa ao negócio.Segundo a empresa, a Aneel precisa garantir "as seguranças jurídica e econômica necessárias, por meio da aprovação do plano de transferência de controle apresentado pela Âmbar". Sem isso, a empresa diz que "abrirá mão de seu direito de concretizar o negócio".Na terça-feira (8), o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, afirmou que a transferência da Amazonas Energia para a Âmbar poderia ser anulada caso a decisão judicial que obrigou a agência a aprovar o negócio perca a validade."Em tese, em um fato concreto, se uma decisão judicial determina a assinatura de um contrato, esse contrato é assinado, [e] essa decisão é anulada, aquela assinatura é tornada nula. Então, aquele ato que foi realizado sem uma cobertura judicial, ele é nulo", disse.Em nota, nesta quarta, a Âmbar afirmou que vai apresentar um agravo (espécie de recurso) na Aneel contra uma decisão do diretor Fernando Mosna, que considerou o processo de transferência encerrado na esfera da agência -- uma vez que a aprovação sub judice já havia sido publicada.A Âmbar também vai solicitar que a diretoria da agência realize uma reunião extraordinária na quinta-feira (10) para votar o processo de venda da distribuidora.Plano aprovadoNo último dia 1º, a Aneel aprovou o plano de transferência para a Âmbar. Contudo, os termos aprovados foram determinados pela área técnica, com custos menores aos consumidores, de R$ 8 bilhões.A Âmbar se recusou a assinar o contrato conforme os termos aprovados pela Aneel e, na quarta-feira (2), entrou com um recurso contra a decisão.Na segunda-feira (7), a Aneel publicou uma decisão do diretor-geral da agência que aprova a transferência de controle conforme o último plano submetido pela empresa, com custo de R$ 14 bilhões aos consumidores.Essa decisão segue uma determinação judicial da juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, que obrigou a agência a aprovar o negócio. O despacho de Feitosa foi publicado "sub judice" --ou seja, está condicionado à validade da decisão judicial, à qual a Aneel recorre.Já o recurso da Âmbar no âmbito da Aneel foi reprovado por perda de objeto. Também em decisão monocrática, Mosna considerou que, por causa da decisão judicial que foi atendida, o pedido da empresa não pode mais ser considerado válido.Aneel aprova transferência do controle da Amazonas Energia para Âmbar EnergiaO g1 apurou que, por conta da perda de objeto, a Âmbar teria que escolher entre três opções:assinar o contrato por via judicial, que pode ser anulado caso a decisão da juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe deixe de ser válida;assinar o contrato conforme os termos da decisão de 1º de outubro, com repasse de R$ 8 bilhões aos consumidores, no lugar dos R$ 14 bilhões pleiteados pelas empresas; ouentrar com um recurso contra a decisão de perda de objeto, que deverá passar pelo relator e pela diretoria colegiada da Aneel. Se aprovado, o recurso permitiria a análise do pedido de reconsideração da empresa, que pede outros termos em relação à decisão do dia 1º.A empresa escolheu a terceira opção. Mas todo o processo tem que ser decidido, e o contrato, assinado até esta quinta-feira (10) – quando perde validade a medida provisória que criou as condições para a transação.Medida provisóriaA Âmbar Energia corre contra o tempo para aprovar a transferência de controle.???? Isso porque o governo Lula publicou uma medida provisória que prevê a venda da Amazonas Energia com flexibilizações de custos, transferidas ao consumidor, o que torna o negócio mais atrativo para a empresa.???? Contudo, por falta de deliberação pelo Congresso, essa MP perde validade no próximo dia 10.Por causa da MP, os seguintes custos da distribuidora podem ser transferidos para a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) – paga por todos os consumidores:?? furtos de energia, que são altos no Amazonas; ?? ônus com sobrecontratação involuntária --quando a distribuidora tem mais geração de energia contratada que o consumo de seus clientes;?? e outras despesas regulatórias, como custos operacionais e receitas irrecuperáveis (contas de consumidores inadimplentes).A medida provisória também permite a transferência de contratos de seis usinas termelétricas do regime de "compra e venda de energia" para "reserva de energia". As usinas foram compradas pela Âmbar Energia dias antes da publicação da MP.A conversão significa que as termelétricas contratadas diretamente pela Amazonas Energia por meio de receitas próprias e da Conta de Consumo de Combustíveis – um encargo na conta de luz para bancar usinas na região Norte – passarão a ser custeadas exclusivamente pelos consumidores.Isso reduz a sobrecontratação da Amazonas Energia e reduz o risco de inadimplência para as usinas. Tanto as termelétricas quanto a distribuidora foram compradas pela Âmbar.