Presidente fez referência ao governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro, durante evento de entrega das medalhas Oswaldo Cruz. Primeira-dama, Janja da Silva, está entre os homenageados. Lula durante evento de entrega da medalha Oswaldo Cruz, no Planalto
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar, nesta quarta-feira (11), pessoas que tentaram descredibilizar a vacinação no país.
Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista reiterou que "vidas poderiam ter sido salvas" se o governo tivesse uma postura diferente na época da Covid-19.
"Eu, sinceramente, nunca pensei em viver um momento da história do Brasil em que você tinha uma linguagem oficial do presidente da República, de ministros da Saúde, de médicos com mandato de deputado, com personalidades públicas tendo a desfaçatez de inventar mentiras contra a vacinação", declarou o presidente, durante o discurso.
"Eu não sei porque algumas pessoas que falaram [contra a imunização] ainda não foram processadas como genocidas nesse país. Porque, pelo menos, 400 mil pessoas poderiam ter sido salvas se a gente tivesse, no governo, alguém que tivesse o mínimo de respeito pelo ser humano", prosseguiu.
A fala de Lula ocorreu em discurso durante a cerimônia de entrega da medalha Oswaldo Cruz. Neste ano, a cerimônia homenageia pessoas ou instituições que tiveram um papel importante para o aumento da cobertura vacinal em território brasileiro.
Entre os homenageados estão a primeira-dama, Janja da Silva, o senador Humberto Costa (PT-PE), a apresentadora Xuxa, a empresária Luisa Trajano, o influenciador Ivan Baron, entre outras autoridades, médicos, enfermeiros e organizações.
'Genocídio' durante a pandemia
Esta não é a primeira vez que Lula faz referência ao governo do ex-presidente Bolsonaro como "genocida".
Em diversas ocasiões, principalmente durante a campanha eleitoral de 2022 e em discursos depois de eleito, o atual chefe do Planalto condenou a postura da gestão anterior durante a pandemia de Covid.
Mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência da doença.
Em seu primeiro discurso como presidente da República, em janeiro de 2023, Lula afirmou que a responsabilidade pelo "genocídio" da população brasileira durante a pandemia de Covid-19 seria apurada e punida.
"Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes", disse Lula, à época.
Durante toda a pandemia, Bolsonaro e integrantes do então governo desrespeitaram orientações preconizadas pelas entidades médicas, estimulando aglomerações, criticando o uso de máscara e desacreditando as vacinas.
Denúncia à PGR
Em março de 2023, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu o arquivamento de um pedido de investigação feito por Bolsonaro contra Lula, alegando que as declarações tinham conotação política e não poderiam ser penalizadas.
A PGR destacou que as palavras de Lula foram proferidas em um contexto político-eleitoral, sem intenção de atribuir um crime no sentido jurídico-penal.
Em abril deste ano, Lula voltou a criticar a gestão da pandemia do governo Bolsonaro e chamou o ex-presidente de "irresponsável" pela forma como conduziu a resposta à emergência de saúde causada pelo coronavírus entre 2020 e 2021.