Maduro comparece à Suprema Corte venezuelana
Federico PARRA / AFP
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendem uma fala dura do embaixador Celso Amorim nesta quinta-feira (15) na Comissão de Relações Exteriores do Senado para esvaziar o discurso da oposição de que o governo petista é leniente e apoia o autocrata da Venezuela.
Amorim foi convidado a falar sobre o tema no Senado, em requerimento apresentado pela oposição.
Na avaliação de aliados, apesar de Amorim ter um discurso no estilo diplomático, ele precisa deixar claro que o Brasil não vai reconhecer a vitória de Nicolás Maduro se ele não divulgar as atas das eleições, que a oposição venezuelana diz ter vencido, enquanto o autocrata venezuelano se autoproclamou vitorioso.
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Amorim vai ser cobrado a dizer se o Brasil não está entrando no jogo de Nicolás Maduro ao cobrar as atas, mas não fixar uma data para que isso ocorra.
Segundo senadores da oposição, isso mostraria que o governo Lula estaria fazendo jogo duplo. Em público, cobrando as atas. Nos bastidores, deixando o tempo correr para que a atual situação na Venezuela fique consumada, com Maduro seguindo no poder.
Até agora, Amorim é acusado pela oposição de fazer o jogo de Nicolás Maduro. Ele nega. Diz que é preciso tentar evitar a todo custo que a crise na Venezuela se agrave ainda mais, o que é um cenário pior para o Brasil.
A tendência seria aumentar a entrada de venezuelanos no território brasileiro, agravando a crise humanitária na fronteira do Brasil com a Venezuela em Roraima.
Amorim chegou a propor como solução uma nova eleição na Venezuela, mas a proposta não obteve apoio nem de Nicolás Maduro nem da oposição.
"Antes de deixar que a proposta viesse a público, o governo brasileiro deveria ter feito uma consulta reservada aos dois lados. Agora, ficou ruim para a imagem do Brasil, na linha de que o país estaria fazendo jogo duplo na Venezuela", diz um assessor presidencial.