Nesta quarta-feira (7), o velocista Alison dos Santos, conhecido como Piu, disputou a semifinal dos 400 metros com barreiras e avançou na disputa para trazer outra medalha para o Brasil na Olimpíada de Paris. A professora Marlene Cheadi Martins Alves, que foi diretora da Escola Técnica Estadual (Etec) Pedro Badran, em São Joaquim da Barra, onde Piu estudou, não esconde o orgulho do ex-aluno. "Estamos torcendo muito por mais uma conquista histórica do nosso aluno, pois o mais importante título de "menino de ouro" ele já tem", ressalta a professora.
Marlene lembra de quando recebeu uma visita pouco usual, em 2015. Recém-matriculado no Ensino Médio da unidade, o então aluno Alison dos Santos chegou à diretoria acompanhado da mãe, que fez um pedido inusitado: autorização para o filho usar boné nas dependências da escola.
Antes de completar um ano de idade, o estudante sofreu um acidente com óleo quente e ocultava as marcas que resultaram dessa época em algumas partes do corpo. Na cabeça, o boné cobria uma falha no crescimento do cabelo.
"Ele era um menino de ouro", comenta Marlene, atual coordenadora pedagógica na unidade, avisando que o elogio não se deve apenas ao sucesso alcançado pelo estudante, hoje atleta olímpico, com uma medalha de bronze conquistada na Olimpíada de Tóquio. "Estudioso, dedicado e educado" são qualidades que a professora atribui ao ex-aluno, sempre afiado nas aulas de história.
Estudante exemplar
Alison dos Santos, também conhecido como Piu, frequentou a Etec até 2017. "No primeiro ano, ele era muito tímido", lembra Marlene. "Alison lia muito, era perspicaz e já trazia questões relativas ao racismo, estava à frente do seu tempo", diz.
Com o tempo, Alison foi ganhando segurança, ficou menos tímido. Quase nem usava mais o boné. E já havia alcançado dois metros de altura, o que chamou a atenção de treinadores que viram nele um futuro velocista. Antes de completar o Ensino Médio, foi campeão no Mundial Sub-18, no revezamento 4×100 misto. Outras vitórias sucederam-se ainda antes de Tóquio, quando bateu o recorde mundial na prova mais rápida da história dos 400 metros com barreiras, modalidade em que compete em Paris.
Morando na Flórida, nos Estados Unidos, aos 24 anos, Alison tem poucas chances de voltar à sua cidade. "Ele veio durante a pandemia de Covid-19 e desfilou em carro aberto, mas a escola estava fechada por causa da pandemia", conta Marlene. Mas, mesmo distante, mantém em São Joaquim da Barra o Instituto Vencendo Barreiras com Alison Santos, em que apoia jovens que pretendem se dedicar ao esporte.
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