Empresas se comprometeram a colaborar com o TSE e a adotar providências para conter desinformação eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou, neste mês de agosto, memorandos de entendimento com plataformas digitais para orientar os trabalhos de enfrentamento da desinformação eleitoral nas Eleições 2024. Os convênios valem até dia 31 de dezembro deste ano, podendo ser prorrogados mediante acordo mútuo, e não implicam compromissos financeiros ou transferências de recursos entre as partes.
Nos acordos, as empresas Facebook Brasil (responsável pelo Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp), TikTok, LinkedIn, Kwai, X (antigo Twitter), Google e Telegram se comprometem a adotar medidas céleres para conter as notícias falsas e a cooperar com o Tribunal no Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE), inaugurado em março para centralizar o trabalho de combate às mentiras propagadas pela internet durante o período eleitoral.
A finalidade das parcerias é garantir a legitimidade e a integridade das Eleições Municipais de 2024, por meio da definição de ações, medidas administrativas e projetos que serão desenvolvidos em conjunto com o TSE.
Composto de representantes do TSE e de mais seis instituições públicas, como Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ministério Público Federal (MPF), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e Polícia Federal (PF), o CIEDDE busca organizar o fluxo de operações, garantindo mais agilidade na comunicação entre os órgãos integrantes e nos encaminhamentos das denúncias recebidas pelo Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral (Siade).
É por meio do Siade, em funcionamento desde 2022, que cidadãs e cidadãos informam a Justiça Eleitoral sobre conteúdos suspeitos divulgados em páginas e redes sociais. A funcionalidade é programada para informar o CIEDDE, em até duas horas, sobre as providências tomadas para cessar o impulsionamento do conteúdo ilícito.
O Siade recebe relatos de desinformação contra a Justiça Eleitoral; perturbação ou incitação à abolição do Estado Democrático de Direito; uso de inteligência artificial em desacordo com as regras de rotulagem ou para disseminar mentiras; comportamento ou discurso de ódio; recebimento de mensagem eleitoral não solicitada pelo WhatsApp e de conteúdos desinformativos direcionados às candidaturas, aos partidos, às coligações e às federações, entre outros.
Confira, abaixo, os principais pontos dos memorandos firmados com cada plataforma:
As medidas se aplicam aos serviços Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. Entre as ações de colaboração, destacam-se:
Para conter a desinformação eleitoral, o Facebook Brasil e as demais plataformas se comprometem a indicar usuários que acessarão o Siade, que será o canal para recebimento e análise de denúncias sobre conteúdos e contas suspeitas de realizar disparos em massa.
A triagem e o exame inicial caberão ao TSE, que também se compromete a notificar a empresa extrajudicialmente a cada nova denúncia inserida no Sistema de Alertas. Caso seja identificada potencial ilicitude, a denúncia administrativa será encaminhada para análise e providências cabíveis pelos provedores de serviços.
A empresa e o TSE acordaram que o recebimento de denúncias não implica a obrigação dos provedores de serviços de tomar qualquer ação que não esteja em linha com as suas políticas, bem como preservar dados sobre as contas indicadas após o período de guarda obrigatória de registros de acesso conforme a legislação vigente.
Pelo memorando de entendimento, o Google Brasil se compromete a promover as seguintes ações para a disseminação de informações confiáveis e de qualidade por meio de:
O Google Brasil também será responsável por oferecer treinamentos, sob supervisão da Escola Judiciária Eleitoral do TSE (EJE/TSE), para as equipes do TSE e dos TREs e para os magistrados envolvidos no processo eleitoral, com workshop on-line sobre as medidas de combate à desinformação do Google e capacitação sobre as políticas e os termos de uso aplicáveis da plataforma.
Também caberá à empresa realizar treinamentos sobre a plataforma no contexto das eleições para atores relevantes, incluindo partidos políticos, organizações de checagem de fatos, instituições de pesquisa e outros parceiros do Programa de Enfrentamento à Desinformação, além da produção de página especial para as Eleições 2024, contendo informações sobre as políticas e o funcionamento de suas plataformas.
Outro ponto do acordo é a implementação pelo Google Brasil das seguintes iniciativas para a rápida identificação e contenção de casos e práticas de desinformação:
Com o intuito de difundir informações confiáveis e de qualidade, a plataforma se compromete a criar a ferramenta LinkedIn Notícias, com informações sobre as Eleições 2024, e permite que o TSE utilize o LinkedIn Pages para compartilhar conteúdo direcionado a eleitoras e eleitores.
Já para promover a capacitação e a alfabetização midiática, o LinkedIn realizará sessões de treinamentos para a equipe do TSE e dos TREs e os magistrados envolvidos no processo eleitoral, com o auxílio da EJE/TSE, sobre elaboração de conteúdos relativos ao processo eleitoral e às Eleições 2024. Caso não seja possível realizar as sessões de treinamento, o LinkedIn se compromete a elaborar material com o conteúdo desejado, para que possa ser compartilhado com os órgãos da Justiça Eleitoral.
De acordo com o memorando de entendimento, caberá também ao LinkedIn implementar as seguintes iniciativas para a célere identificação e contenção de casos e práticas de desinformação:
Caberá ao TSE a triagem e a análise inicial das denúncias, que, se contiverem potencial desinformação sobre o processo eleitoral, serão encaminhadas ao LinkedIn para análise e providências cabíveis. O TSE ainda se compromete a notificar o LinkedIn Brasil por e-mail a cada nova denúncia inserida no canal do CIEDDE, com as respectiva URL.
O LinkedIn também se propõe a realizar conversas periódicas com o TSE sobre os desafios enfrentados com relação às eleições e a disponibilizar, em português, o relatório de transparência semestral, com dados sobre as ações tomadas em relação à desinformação encontrada na plataforma.
Além da capacitação sobre regras e políticas da plataforma, o X oferece o recurso "Nota da Comunidade", por meio do qual as colaboradoras e os colaboradores podem adicionar contexto a postagens para que as pessoas se mantenham bem-informadas na plataforma.
A empresa se compromete a:
No memorando de entendimento, o X Brasil afirmou que:
Também ficou acordado que o TSE notificará o X Brasil por e-mail a cada nova denúncia inserida no canal do CIEDDE e que as medidas eventualmente adotadas pela plataforma não deverão ser automaticamente interpretadas como confirmação de conduta ilícita eleitoral por parte dos usuários ou das contas.
Pelo acordo, o Kwai se compromete a realizar capacitações e a implementar ações para a difusão de informações confiáveis e de qualidade sobre o processo eleitoral, quais sejam:
Ainda de acordo com o memorando assinado, o Kwai se compromete a implementar as seguintes medidas para identificar e conter, de forma ágil, casos e práticas de desinformação:
Entre as ações do TikTok para a difusão de informações confiáveis e de qualidade sobre o processo eleitoral, estão:
O TikTok também realizará iniciativas de alfabetização midiática e capacitará as equipes do TSE e dos TREs sobre as políticas e os termos de uso aplicáveis do TikTok e disponibilizará informações necessárias para viabilizar o cumprimento de ordens judiciais.
O memorando de entendimento prevê que o TikTok adote as seguintes ações para a rápida identificação e contenção de casos e práticas de desinformação:
Caberá ao TSE a triagem e a análise inicial das denúncias e, caso seja identificada potencial ilicitude, a denúncia será encaminhada ao TikTok para análise e providências cabíveis, conforme as políticas da plataforma. Sem prejuízo da comunicação por meio do Siade, o TSE se compromete a notificar o TikTok por e-mail a cada nova denúncia inserida no canal do CIEDDE.
O serviço de mensagens do Telegram dará apoio ao TSE, mantendo a verificação do canal oficial do Tribunal na plataforma. Também concederá acesso à Application Programming Interface (API) para operação de um bot oficial do TSE com interações avançadas. Por meio da ferramenta, poderão ser coletados feedbacks ou enviados comunicados personalizados para uma região específica, por exemplo.
A empresa providenciará as informações e, se necessário, aconselhamento técnico ao TSE na criação e utilização do bot oficial do TSE no aplicativo. Os custos para o desenvolvimento da aplicação on-line que irá operar no robô disponibilizado pelo Telegram ficarão a cargo do TSE.
Além de capacitar servidores, colaboradores e magistrados da Justiça Eleitoral, o Telegram ainda:
Conforme previsto no artigo 9º-D da Resolução TSE nº 23.610/2019, é dever do provedor de aplicação de internet que permita a veiculação de propaganda político-eleitoral a adoção e a publicização de medidas para impedir ou diminuir a circulação de fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que possam atingir a integridade do processo eleitoral.
Ainda de acordo com o normativo, o provedor de aplicação que detectar ou for notificado da veiculação desse tipo de mensagem deverá adotar providências imediatas e eficazes para interromper o impulsionamento, a monetização e o acesso ao conteúdo.
Além disso, segundo a resolução, também deverá ser feita pelo provedor uma apuração interna do fato, de perfis e de contas envolvidas, para impedir nova circulação do material e inibir comportamentos ilícitos, inclusive pela indisponibilização de serviço de impulsionamento ou monetização.