Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

G1 - Política

STF começa a julgar nesta quarta a 'ADPF pelas vidas negras'; veja o que está em jogo

Na sessão, serão apresentados os argumentos de representantes das partes do processo.


Na sessão, serão apresentados os argumentos de representantes das partes do processo. Os votos dos ministros devem ser apresentados em outra sessão, a ser marcada. No mês da Consciência Negra, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai começar a analisar uma ação de partidos e movimentos sociais contra a violação de direitos da população negra. O caso está na pauta desta quarta-feira (22).

O grupo pede que a Corte reconheça que há um "estado de coisas inconstitucional" e determine ao governo que elabore um plano de enfrentamento do racismo institucional.

Quando declara que há um "estado de coisas inconstitucional", o tribunal reconhece que há violação sistemática e massiva de direitos humanos. Pode, então, estabelecer que o Poder Público tome providências — e pode, ainda, monitorar o andamento destas ações.

Os autores do pedido estiveram no último dia 9 de novembro em reunião com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso. Na ocasião, pediram que a ação passe a se chamar "ADPF pelas vidas negras".

Juízas falam dos desafios em cargos inéditos no STF e no CNJ

Formato de julgamento

A primeira sessão com o tema na pauta será destinada à apresentação dos argumentos de advogados dos autores do processo, de instituições que pretendem expor dados técnicos, e de representantes da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os votos dos ministros serão apresentados apenas em um segundo momento, em data que ainda será marcada. Essa sistemática de julgamento — com intervalo entre as exposições dos advogados e a apresentação dos votos — começou a ser implementada na gestão do presidente Barroso. O mecanismo permite que as informações dos advogados possam contribuir para a formação dos votos dos magistrados.

Ação

O processo foi apresentado ao Supremo em maio de 2022 e tem como relator o ministro Luiz Fux. Assinam a ação sete partidos — Rede, PSB, PT, PDT, PCdoB, Psol, PV — e a Coalizão Negra por Direitos.

O grupo listou violações contra direitos à vida, à saúde e à alimentação digna.

Em relação à vida, citou a chacina na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, em maio de 2021, argumentando que as investigações mostraram que parte das pessoas assassinadas não tinha ligação com investigações que justificaram a incursão da polícia.

Sobre a saúde, citou dados da Fiocruz que apontam que as mulheres negras sofrem efeitos da discriminação — sendo mais propensas a ter um pré-natal inadequado, receberem menos orientações sobre complicações no parto, e terem mais chances de não ter um acompanhante.

Quanto à alimentação citou pesquisa do IBGE que mostra maior incidência de insegurança alimentar entre a população negra.

"A população negra brasileira vivência sistematicamente a negação destes direitos, sendo submetida a um processo de genocídio permanente decorrente das desigualdades sociais e raciais resultantes da ação e omissão do Estado brasileiro", afirma a ação.

"As práticas violadoras dos direitos fundamentais produzidas pelo Estado brasileiro em detrimento da população negra são reiteradas, seja por ação ou inação, compreendem postura deliberada, ou ao menos, projetada para que a fruição dos direitos fundamentais se dê de maneira diferente e desigual entre pessoas brancas e não brancas neste país", completa.

O pedido é de que a União elabore e implemente um Plano Nacional de Enfrentamento ao Racismo Institucional e à Política de Morte à População Negra, no prazo de um ano. E que estados e municípios também adotem medidas para combater o problema.

A ideia é que o combate ao racismo institucional envolva mudanças nas ações para reduzir a letalidade e violência policial contra a população negra, com treinamento para agentes de segurança sobre relações raciais.

Além disso, o objetivo é ter políticas públicas para garantir o exercício dos direitos políticos da população negra, e de candidatos que os representem; e a proteção dos espaços de exercício de fé de religiões de matriz africana.

Há ainda propostas para assegurar a segurança alimentar e nutricional deste segmento da população.

G1 - Política

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!