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Caso Marielle: delegado suspeito de participação no crime dirá à PF que não há provas contra ele, afirma defesa

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Por André Miranda

03/06/2024 às 09:20:47 - Atualizado há
Segundo a defesa, Rivaldo Barbosa também vai prestar esclarecimentos sobre o inquérito que apurou a morte da vereadora. Defesa se queixa de demora para realização do depoimento. Rivaldo Barbosa, preso na investigação da morte de Marielle, em imagem de abril de 2018

Fábio Motta/Estadão Conteúdo

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa vai dizer à Polícia Federal nesta segunda-feira (3) que não participou dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Segundo o advogado de Rivaldo, Marcelo Ferreira, o delegado também dirá que não há provas contra ele e que a prisão foi decretada com base apenas na delação premiada de Ronnie Lessa.

"Ele vai esclarecer novas questões da investigação e da condução do inquérito sobre a morte de Marielle. E vai reforçar que a PF não tem provas contra ele", disse Ferreira ao blog.

O advogado também afirmou que, no depoimento, Rivaldo vai dizer:

que a condução da Polícia Civil do Rio, que era chefiada por ele, é diferente da condução do inquérito sobre as execuções

que não há provas na investigação além do que Ronnie Lessa disse na delação, que é apenas um lado e que resultou em medidas gravosas, como prisão, indiciamento e denúncia

que a demora para ouvi-lo "causa estranheza". O delegado ressaltará, no depoimento, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já tinha determinado o depoimento imediato após a prisão, mas a PF só marcou a oitiva após quase três meses da prisão e depois que Rivaldo escreveu um bilhete "implorando" para depor

Em entrevista ao blog, o advogado ressaltou que a "a demora foi fora da curva". "Ele foi preso, indiciado e denunciado sem sequer ser ouvido", disse.

Rivaldo foi preso em 24 de março, no Rio de Janeiro, junto dos outros dois mandantes do assassinato da ex-vereadora: o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão.

Os três foram enviados, no mesmo dia da prisão, para a Penitenciária Federal de Brasília. Mas, no dia 27 de março, Chiquinho foi transferido para o presídio federal de Campo Grande e o irmão dele, Domingos Brazão, para Porto Velho.

PGR denuncia irmãos Brazão e delegado Rivaldo Barbosa por planejar e mandar matar Marielle Franco

Ronnie Lessa

Em delação premiada, homologada pelo STF em março, Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra Marielle, afirmou que Rivaldo Barbosa atuou para tentar protegê-los da investigação depois do assassinato.

"Falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo já está redirecionando e virando o canhão para outro lado, que ele teria de qualquer forma que resolver isso, que já tinha recebido pra isso no ano passado, no ano anterior, ele foi bem claro com isso: 'ele já recebeu desde o ano passado, ele vai ter que dar um jeito nisso'. Então, ali, o clima já estava um pouco mais tenso, a ponto até mesmo na forma de falar", relatou Lessa.

Mudanças na polícia

Na véspera do crime, Rivaldo Barbosa se tornou o chefe de polícia do Rio de Janeiro e, um dia depois dos assassinatos, nomeou o delegado Giniton Lajes para comandar a Delegacia de Homicídios.

No relatório da investigação, a Polícia Federal afirma que a escolha de um homem de confiança serviu para que os trabalhos de sabotagem se iniciassem no momento mais sensível da apuração do crime.

Os investigadores dizem ainda que Rivaldo e o delegado escolhido por ele só prenderam os executores por pressão imposta pela sociedade e pela mídia — e para preservar os autores intelectuais.

A defesa de Giniton Lajes chamou a acusação contra ele de "infâmia grosseira". Disse que ele é o responsável por descobrir a autoria do crime e não a Polícia Federal.
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