G1 - PolÃtica
Há dois pontos importantes que explicam a derrota: pautas relacionadas a costumes e a falência da construção de base governista. Na Câmara, 314 deputados votaram pela derrubada e 126 pela manutenção do veto. As derrotas do governo no Congresso na noite desta terça-feira (28), durante a votação da saidinha dos presos, mostraram algo que tem sido importante para os petistas: a base raiz de Lula (PT) não passa de 100 deputados.O governo, mesmo sabendo que ia perder, tentou articular na reta final uma demonstração para seu público – a própria esquerda – que havia uma preocupação com o tema. Porém, mesmo assim, 314 deputados votaram pela derrubada e 126, pela manutenção do veto. Além disso, há dois pontos importantes que explicam a derrota da saidinha: pautas relacionadas a costumes e a falência da construção de base governista.No primeiro aspecto, não há saída para o governo conseguir reverter uma votação, quando o cenário é desfavorável, pois o Congresso é repleto de conservadores e Lula não tem ferramentas que o faça ganhar em um embate com os deputados. No segundo ponto, a base governista é calcada na distribuição das emendas e da concessão de cargos nos ministérios. No entanto, essa ideia não funciona mais. A avaliação é que hoje o foco está virado para os presidentes dos partidos, que muitas vezes têm o fundo partidário e o fundo eleitoral na mão – ainda mais em ano de eleição. Tanto que, na terça-feira, nem mesmo a entrada dos ministros do Centrão em campo conseguiu votos para o governo.Há ainda as emendas parlamentares, que durante o governo Bolsonaro, deram poder ao Congresso. Lula tem feito uma queda de braço para tentar reaver parte desse poder. Na terça, foi possível ver uma vitória, quando o Congresso manteve os vetos de Lula na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 que previam um calendário para pagamento de emendas parlamentares.Mas ainda, sim, é uma relação que está sensível, complexa e frágil, que pode a qualquer momento abrir uma nova crise. Esses pontos tornam a vida do governo muito mais difícil e colocam em xeque todo modelo de construção do presidencialismo de coalizão visto nos últimos anos.