A Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo divulgou nesta segunda-feira (25) um relatório em que denuncia 11 casos em que a Polícia Militar (PM) teria feito execuções na Baixada Santista, no litoral paulista.
Em depoimento, Beatriz contou que a versão apresentada para a morte de seu marido Leonel, não é crível e não poderia ter acontecido. Segundo ela, ele não seria capaz de trocar tiros com os policiais militares por ser deficiente físico desde os 14 anos de idade. "Não teve troca de tiro, que nem o que o policial falou, porque ele mal conseguia segurar as muletas dele", afirmou. "Ele deu entrada no hospital morto", acrescentou.
"A gente veio aqui pedir força pra toda a minha família, para todas as minhas filhas. Todos os dias a gente chora", disse Ana Alice ao narrar o assassinato de seu ex-marido, José Marcos, em fevereiro: "os policiais pegaram ele, na metade do beco, levaram para dentro da casa dele e deram três tiros."
"A gente foi avisado pelo vizinho, que escutou os disparos de tiro. Chegando lá eles [policiais] pediram para a gente 'sair fora'", conta. O homem, segundo ela, fazia consumo abusivo de drogas, mas não tinha envolvimento com o crime e vivia de catar materiais recicláveis. "Eles fingiram socorro, levaram até o PS [pronto-socorro] de São Vicente".
Em defesa dos policiais, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma que "as mortes registradas decorreram de confrontos com criminosos, que têm reagido de forma violenta ao trabalho policial".
Ainda segundo a pasta, "todos os casos de morte decorrente de intervenção policial são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com o acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário".
Sobre a representação do Condepe, a secretaria diz que teve "conhecimento informal" da solicitação de investigação e que "irá responder aos questionamentos assim que acionada pelo Ministério Público".