Expectativa nos bastidores é que ministro reitere postura do governo contra ataques de Israel na zona de conflito; Planalto teme "alarde" em meio a queda na popularidade O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participa nesta quinta-feira (14) de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, para comentar a crise diplomática entre Brasil e Israel, depois da fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o conflito na Faixa de Gaza.
Lula comparou a guerra entre Israel e Hamas ao Holocausto promovido por Adolf Hitler contra milhões de judeus. A declaração motivou protestos do governo israelense e de representantes da comunidade judaica no Brasil.
A ida do chanceler foi negociada pelo presidente do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL) ainda em fevereiro. Renan fez, então, o convite ao ministro.
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De acordo com um aliado do governo Lula, o movimento foi lido como uma antecipação diante da intenção da oposição de fazer a convocação a Vieira.
Convocação é um ato político mais grave e, quando ocorre, o ministro é obrigado a comparecer à comissão.
Caso contrário, pode incorrer em crime de responsabilidade. O convite é, portanto, um caminho mais tranquilo, já que a presença não é obrigatória com ele.
Segundo diplomatas do entorno do chanceler, a expectativa é que, na comissão do Senado, Mauro Vieira reitere a postura do governo brasileiro contrária aos ataques de Israel no território.
Apesar da confiança na postura de seu ministro, o Palácio do Planalto enxerga com preocupação uma possível escalada de tensão durante a audiência, no Senado.
O Planalto sabe que a oposição pode aproveitar a presença de Vieira para inflamar um assunto delicado, que mexe com a opinião pública, num momento em que o presidente Lula busca melhorar sua avaliação.
Logo após a declaração de Lula sobre Gaza, o governo atingiu a sua pior avaliação, na primeira rodada de 2024 da pesquisa Genial/Quaest.
A aprovação do trabalho de Lula foi dos 54% de dezembro, para 51% nesta rodada. E a desaprovação avançou de 43% para 46%. E o ponto de maior preocupação para o governo veio justamente com a pesquisa focada no público evangélico.
Sessenta e dois por cento dos entrevistados do grupo declararam desaprovar o governo. Somente 35% deste grupo declarou aprovar o trabalho de Lula.