G1 - PolÃtica
O Ministério da Fazenda vai oficializar nesta terça-feira (20), em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sua proposta de aceitar provisoriamente a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. Em compensação, quer manter a reoneração da folha das prefeituras.Com isso, segundo o governo, seria possível reduzir a renúncia de arrecadação de impostos pela metade. Essa redução é considerada essencial para que a equipe econômica consiga se aproximar da meta de déficit fiscal zero para este ano.O governo já incorporou a ideia de retirar, da medida provisória que foi enviada no fim de dezembro ao Congresso, a reoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos intensivos em mão de obra.A proposta de reonerar esses setores foi mal recebida por parlamentares e entidades. O governo deve retirar esse ponto da MP, e enviar a mesma proposta ao Congresso em um projeto de lei em regime de urgência. O Congresso já aprovou a extensão da desoneração desses 17 setores até o fim de 2027 e derrubou o veto de Lula à medida. Agora, com o projeto de lei em regime de urgência, os parlamentares podem reafirmar esse entendimento pela terceira vez.No início do ano, o Legislativo chegou a pressionar para que a medida provisória fosse derrubada por completo – o texto inclui outras duas medidas para reduzir o déficit público. Para evitar essa derrota, o governo acatou a ideia de desmembrar a MP e tratar da reoneração em um texto separado. Essa proposta ainda não foi oficializada – o que deve ocorrer nos próximos dias, a partir da reunião desta terça.Autor de projeto da desoneração diz que MP do governo é um 'equívoco'Prefeituras fora do cálculo Segundo assessores da equipe econômica ouvidos pelo blog, a ideia é manter a desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores intensivos em mão de obra, mas excluir as prefeituras da regra.Neste caso, a área técnica da Fazenda garante que a desoneração para os municípios é inconstitucional, porque foi criada após a Reforma da Previdência. O texto promulgado em novembro de 2019 proibiu a concessão de benefícios previdenciários sem a indicação de uma fonte alternativa de arrecadação.Dentro do Congresso, a cúpula do Senado e da Câmara concorda que, no caso das prefeituras, a desoneração é mesmo inconstitucional. O mesmo valeria para outros setores, além dos 17 originais, incluídos na regra da desoneração quando a prorrogação foi aprovada.Para compensar desoneração, líderes do Congresso apresentam duas medidas polêmicasO que ainda gera disputaO projeto de lei que será enviado ao Congresso para tratar dos 17 setores, no entanto, deve gerar novos debates. Ainda não há consenso sobre quando a tributação deve ser retomada:o governo quer reonerar a folha de pagamento já a partir de 2025;o Congresso defende que os tributos voltem a incidir só após 2027, como já tinha aprovado anteriormente.Com relação à medida provisória que seguirá tramitando, o Ministério da Fazenda tenta convencer o Legislativo a aprovar as duas outras medidas: a redução dos incentivos do Perse, criado para beneficiar o setor de eventos durante a pandemia da Covid e prorrogado até 2026, e o teto para compensação de créditos tributários.Pelos cálculos da Receita Federal, a perda de receitas com o modelo original do Perse é de, no mínimo, R$ 17 bilhões. A cifra é vista como inviável para manter o equilíbrio das contas públicas.O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considera que é fundamental o governo não perder receitas neste primeiro semestre, quando o cenário internacional ainda é marcado por forte instabilidade.O governo espera um quadro mais favorável no segundo semestre, quando o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) deve começar de fato a reduzir os juros.Haddad diz que há indícios de irregularidades no Perse