Eleições vão ocorrer neste sábado e já tem favoritos nas duas casas: Hugo Motta e Davi Alcolumbre. Dois deputados e três senadores apresentam candidaturas isoladas. As disputas para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado contam com candidatos franco-favoritos: Hugo Motta (Republicanos-PE) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Mas isso não significa que sejam candidatos únicos. As duas Casas contam com os chamados "azarões" que disputam o cargo com pouco ou nenhum apoio.
Prática comum entre partidos com poucos representantes no Congresso, o lançamento de candidatos avulsos contraria a tradição de se ter um acordo para a eleição do comando da Câmara e do Senado.
O lançamento de candidatos avulsos é uma prática comum entre partidos com poucos representantes no Congresso. Normalmente, as legendas ficam isolada contra o acordo dos principais partidos para a eleição do comando da Câmara e do Senado.
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Na Câmara, o PSOL e o Novo lançaram cada um o seu candidato:
Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
O deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) em discurso na tribuna da Câmara.
Mário Agra/Agência Câmara
O pastor, que está em seu primeiro mandato como deputado federal, lançou a candidatura em novembro de 2024. O parlamentar integrou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou os atos golpistas de 8 de janeiro e defende que, se eleito, não vai pautar a anistia para presos e investigados por atentado contra a democracia.
Outra pauta que promete avançar é o fim da escala 6x1. O Psol, do qual é filiado, é a única sigla que garantiu apoio ao deputado. O partido tem 13 deputados na Casa.
Marcel Van Hattem (Novo-RS)
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS)
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Em sua quarta tentativa de ser eleito presidente da Câmara, o deputado do Rio Grande do Sul lançou candidatura na última segunda-feira (27), às vésperas da eleição. Com quatro deputados na Casa, o Novo quer marcar posição na corrida.
Em nota, o deputado se declarou desconfortável com as duas candidaturas de partidos de centro e esquerda. "A oposição precisa de uma alternativa, pois entendo que não podemos ficar nas mãos dos mesmos grupos que têm dominado a Câmara e o Senado há tantos anos", disse.
A candidatura de Van Hattem defende pautas da oposição como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e o impeachment do presidente Lula. "Não há clareza sobre quais propostas da oposição serão, de fato, implementadas por Hugo Motta, caso ele seja eleito. E, quando alguém tem apoio do PT, eu fico automaticamente com o pé atrás". O deputado também quer atuar na defesa das prerrogativas parlamentares e no combate ao abuso de autoridade.
Senado
Já no Senado, quatro senadores decidiram enfrentar o amplo apoio demonstrado pelos partidos da Casa à volta de Alcolumbre ao cargo. São eles:
Marcos Pontes (PL-SP)
O senador Marcos Pontes
Agência Brasil
A candidatura do ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), anunciada ainda em outubro de 2024, é alvo de tensão na direita desde o início do ano. Criticada publicamente por Bolsonaro, a iniciativa de Pontes é vista como uma ameaça para o acordo do Partido Liberal com Alcolumbre - o partido de Bolsonaro já anunciou apoio ao amapaense.
Senadores da direita, como o também ex-ministro Ciro Nogueira (PP-PI), criticam publicamente a decisão de Pontes de ignorar o acordo feito por seu partido. "Esse astronauta só é o que é graças ao senhor. E está só mostrando o tamanho da ingratidão e da traição. Se for candidato, vai ter o mesmo número de votos que teria se fosse de foguete sozinho para a lua: só o dele!", escreveu Ciro em sua conta no X.
Senador de primeiro mandato, Pontes ascendeu na política nacional durante o governo Bolsonaro, quando assumiu o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Apesar de não ter apoio, Pontes mantém sua intenção de concorrer e protocolou sua candidatura na última segunda-feira (28). Seu objetivo é marcar posição e levantar a bandeira a favor da anistia para os presos do 8 de Janeiro e da "paz, justiça e harmonia", como repete desde que anunciou sua candidatura.
Líderes do PL ainda tentam fazer com que o colega desista. Pelas regras do Senado, um senador pode desistir até o início da votação, marcada para 10h de sábado (1º).
Eduardo Girão (Novo-CE)
Senador Eduardo Girão (Podemos-CE)
Pedro França/Agência Senado
Senador desde 2019, essa é a segunda vez que Eduardo Girão lança seu nome para a presidência do Senado. A primeira foi em 2023, mas o senador retirou seu nome da corrida logo antes da votação começar.
Até o momento, o senador mantém sua candidatura - que já foi oficializada. Como é o único integrante do Novo no Senado, não conta com apoios.
Ainda assim, o senador mantém sua candidatura como uma forma de contrapor o apoio maciço de Alcolumbre. Entre suas bandeiras está avançar com medidas para limitar o poder do Supremo Tribunal Federal (STF).
Soraya Thronicke (Podemos-MS)
A, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Roque de Sá/Agência Senado
Senadora desde 2019, ela ainda não registrou sua candidatura junto à Mesa Diretora, mas o prazo oficial acaba neste sábado, pouco antes da votação. Mesmo assim, Thronicke segue na disputa. Em sua primeira candidatura à presidência da Casa, ela é a 2° mulher na história do Senado a se lançar para a disputa. Antes, Simone Tebet (MDB-RS) se candidatou para o cargo em 2021, quando recebeu 21 votos, mas perdeu para o atual presidente da Casa, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que obteve 57 votos.
Marcos do Val (Podemos-ES)
O senador Marcos do Val
Outro candidato do Podemos - partido que se divide entre apoiar ou não Alcolumbre - é o senador Marcos do Val. Isolado entre a oposição, o senador tem como principal bandeira o enfrentamento ao STF.
Do Val foi eleito em 2018. Ele é um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, se afastou de parte da direita depois de dizer em 2023 que recebeu uma proposta para participar de um plano para reverter o resultado das eleições de 2022. O plano envolvia gravar conversas com o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
Desde então, o senador é investigado em diferentes frentes. Segundo ele, trata-se de uma "perseguição" e que o caso mostra sua honestidade e compromisso com a Constituição.
"Nas últimas pesquisas meu nome está em segundo lugar, mostrando que as chances são grandes. Vamos juntos, Brasil! Essa luta é por todos nós!", disse o senador em nota. Do Val, no entanto, não conta com apoios formais no Senado.