G1 - PolÃtica
Parecer apresentado sofre resistências por parte da base e parlamentares defendem que foco na reta final do ano deve ser em propostas como a reforma tributária e a MP que trata da subvenção do ICMS O governo retirou na noite desta segunda-feira (11) a urgência constitucional do projeto de lei que trata do Novo Ensino Médio. Segundo líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e, na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a medida serve para "liberar a pauta" para matérias de interesse do governo — como a reforma tributária — e para construir um consenso sobre o tema.Diante de críticas sobre a reforma do Ensino Médio aprovada em 2017, ainda sob o governo Michel Temer, o governo federal enviou em outubro um projeto de lei para o Congresso ajustar pontos do atual modelo.Na ocasião, o Executivo encaminhou a medida com urgência constitucional, um instrumento que pede prioridade para votações de projetos de iniciativa do Poder Executivo e permite as votações direto no plenário — sem que precise passar por comissões.Entenda em 5 pontos o que prevê o projeto de lei do governo para o Novo Ensino MédioContudo, o deputado, Mendonça Filho (União-PE), apresentou um parecer neste domingo com mudanças que não tiveram consenso em toda a base — o relator, por exemplo, aumenta horas de aula obrigatórias, mas abaixo da proposta de mudança apresentada pelo Ministério da Educação (MEC).Parlamentares afirmam que o parecer alterou substancialmente a proposta do governo e haverá "muito debate" nesta votação. Por isso, parte do PT e do Psol já defendia a retirada da urgência.Segundo Guimarães, é preciso acordar as mudanças com o relator."[A urgência foi retirada para] Liberar [a pauta] e construir o consenso. Como é que nós vamos votar a reformulação do ensino médio se não conversou-se com ninguém aqui, com os líderes? Não pode ser assim", disse José Guimarães. "Se der para votar na próxima semana, se vota. Se tiver acordo com o relator."Guimarães lembrou que o relator foi ministro do Temer que criou o modelo atualmente em vigor."Vamos discutir bem por isso que o governo retirou a urgência", disse.Já Randolfe lembrou as outras matérias que são prioritárias para o governo nesta reta final de 2023. O Congresso entra em recesso a partir do dia 22 de dezembro."Olha o portfólio aí: MP 1185 [medida provisória da subvenção do ICMS], reforma tributária, os vetos presidenciais, LDO, Lei Orçamentária, e o Bolsa Permanência [para estudantes do Ensino Médio]. ", disse.Do lado do Senado, Randolfe também lembrou das sabatinas de Flávio Dino para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e de Paulo Gonet para Procurador-Geral da República."Então, vocês estão vendo que as duas mãos foram preenchidas com uma agenda bem intensa para essas duas semanas", afirmou.Líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) disse que os líderes da base foram avisados da retirada da urgência durante reunião na Câmara na noite desta segunda."Eu acho que isso facilita a votação dos temas, inclusive da própria 1185, que é fundamental para se cumprir o que está almejado pelo próprio governo nesse ano", disse.Segundo a Constituição, propostas que tramitam neste regime passam a trancar a pauta após 45 dias. No caso deste projeto, a pauta da Câmara estaria trancada a partir desta terça-feira (12) e apenas algumas propostas poderiam ser analisadas — como emendas à Constituição e medidas provisórias —, mas não projetos de lei.A pauta da Câmara, contudo, segue trancada por conta da urgência do projeto de lei que trata da subvenção do ICMS. O governo pretende tratar do tema por meio de uma medida provisória.