Falta de tratamento de esgoto e de água encanada interfere no desenvolvimento de estudantes brasileiros e leva nota média no Enem ser 23% inferior em relação aos estudantes que moram em domicílios com banheiro.
O Dia das Crianças foi neste sábado, mas uma grande parcela da população não tem motivos para comemorar quando o assunto é saneamento básico. De acordo com dados do Censo Escolar de 2020, 54,9 mil escolas brasileiras não têm água e/ou coleta de esgoto e/ou banheiros. Segundo dados do Observa (Observatório do Marco Legal da Primeira Infância), no Brasil, 28% das crianças matriculadas na pré-escola não tem acesso a água e esgotamento sanitário no ambiente escolar.
Essa carência também está nos lares brasileiros. Crianças e adolescentes que vivem em residências sem banheiro de uso exclusivo têm o rendimento escolar reduzido e nota média 23% inferior no Enem em relação aos estudantes que moram em domicílios com banheiro, segundo estudo da BRK, uma das principais empresas privadas de saneamento do país, em parceria com a Ex Ante Consultoria Econômica. A pesquisa traçou um perfil da parcela da população até 19 anos e mostrou ainda que 28,6% das crianças de até 12 anos de idade não recebiam água regularmente em suas residências em 2018.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corroboram a realidade: o atraso escolar dos jovens que moram em residências sem saneamento é de 2,07 anos, enquanto os que tem saneamento básico nas suas casas é de 1,35 ano. O tempo em que o estudante frequenta a escola também é afetado pelo saneamento: um aluno que mora em uma residência com os serviços de água e esgotamento sanitário, tem, em média, 9,23 anos de vida escolar. Já o aluno que mora em um local sem os serviços, a vida escolar cai para 5,34 anos, na média, conforme último levantamento com dados de 2019.
"Sem acesso a saneamento básico, as crianças e jovens do Brasil não conseguirão desenvolver-se para um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Prover saneamento em 100% das escolas brasileiras é um desafio urgente que irá melhorar a saúde de nossas crianças e jovens, reduzir os índices de evasão e, por fim, aumentar os indicadores de desempenho escolar", destaca Alexandre Honore Marie Thiollier Neto, CEO da BRK Ambiental.