Encontro ocorre após delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, trazer informações sobre encontro entre ex-presidente e ex-chefes das Forças Armadas para discutir possibilidade de golpe de Estado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, se reuniu na tarde desta segunda-feira (25) com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, e com líderes do governo no Congresso. O encontro ocorreu na sede da Defesa.
Segundo a colunista do g1 Daniela Lima, o encontro ocorre em meio a um esforço do ministro para enfatizar o compromisso das Forças Armadas com a democracia. Segundo o blog, Múcio começou a agendar uma série de conversas do comandante do Exército com parlamentares.
Delação de Mauro Cid
Na semana passada, foi revelada a informação de que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), falou em delação premiada sobre uma reunião entre Bolsonaro e os então chefes das Forças Armadas, no ano passado, para discutir a possibilidade de um golpe de Estado.
A informação foi revelada pelos jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL – e obtidas também pelo blog da Camila Bomfim.
No depoimento, segundo investigadores, Mauro Cid detalhou que:
houve uma reunião entre Jair Bolsonaro e integrantes da Marinha, após o segundo turno das eleições, para tratar de uma proposta de golpe militar;
no encontro, os envolvidos trataram especificamente de uma minuta, ou seja, um rascunho de decreto golpista;
além de militares, havia integrantes do chamado "gabinete do ódio" na reunião;
não é possível dizer que a minuta em discussão era a mesma encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres;
o documento discutido na reunião tratava de uma série de ilegalidades, incluindo afastamentos de autoridades ;
a ideia foi recebida com entusiasmo pelo representante da Marinha, mas o Exército ficou mais reticente;
o plano não foi adiante em razão da falta de adesão.
Após a revelação, o ministro da Defesa disse que buscará esclarecimentos sobre o caso.
"Na realidade, isso não mexe conosco porque trata de pessoas que pertenceram aqui. Pessoas que estão na reserva, os citados. Nós desejamos muito que tudo seja absolutamente esclarecido. Precisamos desses nomes", disse Múcio.
"Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive. Essa aura de suspeição coletiva nos incomoda. Mas essas coisas que saíram hoje [são] relativas a governo passado, comandantes passados", prosseguiu.