Evento reuniu 3 mil militares das Forças Armadas do Brasil e de outros países, além da participação de 76 fuzileiras navais pela primeira vez. Sob o sol forte e clima seco, mais de 3 mil militares participaram do maior exercício militar do Planalto Central — com tropas dos Estados Unidos, da China e de outros países — no centro de Instrução de Formosa (GO), nesta quarta-feira (11).
"É um terreno árido e que parece um deserto. Faz 11 graus a noite e 36 graus de dia. É muito grande a variação de temperatura e temos que estar preparados pra isso", observou o vice-almirante fuzileiro naval, Roberto Rossatto.
O evento começou em 1988 com exercícios de artilharia e, neste ano, reuniu 32 integrantes das tropas chinesas e 53 dos Estados Unidos (EUA). Esta foi a primeira vez que representantes de Pequim participaram do treinamento.
Além disso, pela primeira vez na história, 76 soldadas fuzileiras navais das 114 que se formaram em julho deste ano, atuaram em atividades operacionais, com uso de munição real.
Marinha coordena treinamento com mais de 3 mil militares em Formosa, no Entorno
Jamily de Souza, de 21 anos, está entre as fuzileiras. Nascida no Rio de Janeiro e filha de policial militar, ela sempre pensou em seguir carreira nas Forças Armadas. "Assim que abriu concurso não hesitei", disse.
A jovem militar sonha em conquistar outras posições na Marinha, como ser instrutora.
"Quero mostrar mesmo na prática que a gente pode e a gente consegue, porque as pessoas ainda não enxergam como viável a presença de mulheres no corpo de fuzileiros navais, mas é aprender a lidar com isso e mostrar na prática que a gente pode", destaca Jamily.
Fuzileira Jamily de Souza participou dos exercícios militares da Operação Formosa
Mara Puljiz/TV Globo
O comandante da Marinha, comandante Marcos Olsen, destacou a importância da participação feminina.
"As mulheres vêm ganhando protagonismo nas Forças Armadas. Em particular, a Marinha é pioneira no ingresso da mulheres e, hoje, a força não tem mais qualquer restrição. A mulher tem acesso a qualquer cargo ou posto, seja na área administrativa, seja na área operacional", afirma.
Voos rasantes, explosivos e tiros de canhão
O treinamento contou com sobrevoos e saltos de 12 paraquedistas da Marinha e do Exército do avião KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB), simulações, voos rasantes, tiro de canhões e explosivos.
Veja vídeos e fotos de alguns momentos da operação Formosa:
Sobrevoos para reconhecimento de área
Foi utilizada a aeronave R-99, que conta com câmera infravermelha, capaz de captar imagens térmicas e de sistemas de detecção e extração de informações de comunicações e dados eletrônicos.
Além disso, uma aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira fez um sobrevoo e, em seguida, 12 paraquedistas da Marinha e do Exército saltam na área.
Veja:
Paraquedistas no exercício da Operação Formosa
Mara Puljiz/TV Globo
Teste de veículos militares
Entre os veículos utilizados na Operação Formosa estavam as chamadas Viaturas Blindadas Leves sobre Rodas (JLTV), recém-adquiridas pela Marinha e que têm maior mobilidade, flexibilidade e poder de fogo.
As rodas permitem que a viatura, mesmo com os pneus furados, continuem o deslocamento a uma velocidade de até 50 km/h.
Com esses blindados foi feita uma demonstração de inspeção em um posto de comando inimigo, onde havia um piloto prisioneiro de guerra. Após o resgate do piloto, a tropa responsável pediu reforço de outras equipes, com o auxílio de cães farejadores para localização de explosivos.
Cães farejadores na Operação Formosa
Mara Puljiz/TV Globo
Ataques com canhões
Ataques terrestres com uso de blindados, de infantaria e tiros de canhões também fazem parte do treinamento. Esta etapa do exercício militar é feita como demonstração de ações para neutralizar o inimigo.
Ao final, houve uma demonstração de emboscada, com militar ferido e encaminhamento para uma unidade médica da Marinha. A estrutura é equipada e com materiais e insumos médicos, caso alguém precise de atendimento.
Os participantes do evento também puderam ter noção do processo de descontaminação de militares e viaturas em caso de detonação de artefatos com agentes químicos e radiológicos, por exemplo.
Neste caso, a roupa dos militares é descartada e é utilizada substância descontaminante, além de serem feitos vários testes para garantir a desinfecção.