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'Ameaças são inaceitáveis', diz secretário OEA sobre cerco venezuelano à embaixada Argentina, sob custódia do Brasil

Brasil é encarregado de representar os interesses consulares da Argentina em Caracas desde que o embaixador argentino foi expulso pelo presidente Nicolás Maduro, no dia 1º de agosto.

Por André Miranda

07/09/2024 às 13:27:38 - Atualizado há
Foto: G1 - Globo
Brasil é encarregado de representar os interesses consulares da Argentina em Caracas desde que o embaixador argentino foi expulso pelo presidente Nicolás Maduro, no dia 1º de agosto. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, criticou neste sábado (7) o cerco à Embaixada da Argentina, em Caracas, pelas forças venezuelanas. O local é dirigido por diplomatas brasileiros, desde que o embaixador argentino foi expulso pelo presidente Nicolás Maduro, no dia 1º de agosto.

"Ameaças e ações são completamente contrárias ao Direito e não são aceitáveis de nenhuma forma pela comunidade internacional", disse Almagro, em redes sociais.

Diplomatas brasileiros disseram que a energia elétrica do local está cortada pelas autoridades locais, mas que a parte onde a equipe da embaixada mora é alimentada por geradores.

A expulsão do embaixador argentino ocorreu após o país afirmar que a reeleição de Maduro não foi legítima e que a eleição presidencial na Venezuela, no fim de julho, foi fraudada.

O Brasil não reconhece nem rejeita o resultado da eleição. A postura do país tem sido a de exigir a apresentação das atas eleitorais — espécie de boletim das urnas —, o que ainda não foi feito pelas autoridades venezuelanas.

Venezuela: Oposição denuncia cerco à embaixada da Argentina

Na diplomacia, quando um país tem um embaixador expulso, pode pedir para outra nação representar os interesses de seus cidadãos no local. Foi o que Argentina fez.

Segundo o Comando Nacional de Campanha da oposição venezuelana, seis membros do grupo estão asilados dentro da embaixada. O regime de Maduro tem interesse em prender essas pessoas.

"Na Embaixada da Argentina na Venezuela, sob custódia do Brasil, estamos com a energia elétrica cortada e com os acessos à sede tomados", escreveu na rede social X Magalli Meda, chefe de campanha de María Corina Machado, refugiada no local desde 20 de março ao lado de cinco colegas.

A oposição relatou, na noite desta sexta que homens encapuzados rondaram os arredores do edifício. E que um veículo da polícia está desde então estacionado em frente ao local.

Fontes da diplomacia brasileira afirmaram que o Brasil representará os interesses da Argentina em Caracas até que a Venezuela determine que outro país faça isso. Mas ressaltaram que a Venezuela não pode simplesmente, de forma unilateral, dissolver qualquer representação dos interesses argentinos.

"Continuaremos a representar os interesses da Argentina, inclusive na proteção de quem está na residência, até que se defina um país substituto do Brasil", informou um representante da diplomacia brasileira.

Em nota, o governo da Argentina, diante do agravamento da situação na Venezuela, incitou o procurador do Tribunal Penal Internacional a solicitar à Câmara de Questões Preliminares "a emissão de ordens de detenção contra Nicolás Maduro e outros líderes do regime".
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