O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil), que articula para voltar ao comando da Casa
Roque de Sá/Agência Senado
O chamado "recesso branco" foi assim batizado para marcar os meses que antecedem a eleição: um momento de pouco movimento no Congresso Nacional.
Mas o interesse próprio dos congressistas transforma os cenários o tempo todo. Essa foi uma semana de votações em série, todas rápidas, e de costas para os interesses do país.
A semana do "a gente se protege" beneficiou partidos e caminha para beneficiar quem é ficha suja, que pode ficar menos tempo inelegível.
O Congresso mira a flexibilização de uma lei que conhecida pelo apoio da sociedade e pela moralidade que impõe aos políticos.
Os parlamentares acham que a norma é pesada demais, melhor mexer, ignorando o que a sociedade defende e olhando apenas para os interesses individuais e eleitorais dos deputados e senadores. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ser um dos beneficiados em ações futuras.
A Lei da Ficha Limpa nasceu do apoio de mais de 1,6 milhões de brasileiros. Levou a população a lidar , de forma direta, com a política e os ajustes que ela precisa para agir com a mesma honestidade que é cobrada do restante dos brasileiros.
Pautas como a desta semana "nascem" de repente , são gestadas em silêncio nos bastidores, e votadas a jato, aprovadas em minutos: isso contempla a vontade dos parlamentares e ainda os expõe por menos tempo.
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Em outra frente, o Congresso promulga nesta quinta-feira (22) a chamada PEC da Anistia, que perdoa os partidos por não repassarem o mínimo de dinheiro previsto para candidaturas negras.
E não há que se falar em um nicho. As candidaturas negras são maioria: mais de 50% em 2022, mais de 52% neste ano. O Congresso não liga para essa realidade do país: livrou os partidos de pagarem multa e ainda reduziu de 50% para 30% o repasse financeiro para essas candidaturas.
Nada mais fisiológico do que criar leis, depois derrubá-las ou flexibilizá-las, contando com o tempo e uma suposta falta de memória do país.
E tudo isso, além de não ser compatível com os anseios da sociedade, serve para turbinar a política feita para dentro.
Na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) quer fazer seu sucessor daqui a seis meses. No Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) é o mais cotado para o comando da Casa – e foi na comissão que ele comanda que nasceram e foram aprovadas em minutos as propostas da "semana do a gente se protege".
Vale ressaltar que as mesmas pautas já tinham passado na Câmara.
Arthur Lira durante sessão na Câmara
Mário Agra/Câmara dos Deputados