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Estado de São Paulo

"Precisamos olhar para a revisão dos custos do Estado", defende diretor jurídico do Ciesp

Advogado Helcio Honda, diretor jurídico do Ciesp, avalia positivamente adiamento do prazo para as negociações em torno da reoneração da folha de pagamento.


Imagem Ilustrativa. Foto: Getty Images

No último dia 17, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, prorrogou o prazo para que o Governo Federal e o Congresso Nacional concluam o acordo, que está em discussão, sobre a desoneração da folha de pagamento de 17 setores. O ministro atendeu a um pedido feito pelo Ministério da Fazenda e pelo Senado, que têm discutido o assunto, mas ainda não chegaram a um consenso sobre fontes de compensação para financiar o benefício. O prazo para a negociação venceria no último dia 10 de julho, mas agora foi adiado para 11 de setembro.

A desoneração substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela foi instituída em 2011 para setores intensivos de mão de obra. Juntos estes setores geram em torno de 9 milhões de empregos.

O diretor jurídico do Ciesp, o advogado tributarista Helcio Honda, explica que o tema não faz parte dos termos da Reforma Tributária, e afirma que é uma questão de tempo até que os 17 setores tenham que se adaptar à reoneração, o que deverá acontecer de forma gradativa.

Honda aproveita a discussão sobre o tema, para propor que o Governo mude o prisma sobre a arrecadação e direcione seu olhar agora para a Reforma Administrativa, no sentido de reduzir o custo do Estado e de, consequentemente, diminuir os custos tributários para as empresas.

Ciesp News - Na última terça (15), o ministro Edson Fachin, do STF, prorrogou o prazo para o Congresso e o Governo Federal chegarem a um acordo sobre a desoneração da Folha de pagamento para 17 setores. Como o Jurídico do Ciesp viu esse adiamento? Há motivos para comemorar?
Helcio Honda - Sim, houve um novo acordo porque já estava vencendo o primeiro prazo para uma nova prorrogação. Essa prorrogação é positiva e um movimento pelo qual já estávamos estudando medidas judiciais e que, por enquanto, atende a questão. A desoneração da folha surgiu a partir de um pedido das empresas que têm muitos empregados. Ela substitui a contribuição patronal na base de salários por um percentual do faturamento. Para essa empresa, isso é muito significativo. Então, a prorrogação foi realmente bastante positiva por enquanto, até que haja uma situação definitiva. Foi mantida a tributação sobre a receita, mantendo assim a competitividade e os empregos.

CN - Pelo diálogo até aqui, o programa de desoneração começa a ser reduzido no ano que vem e abrangerá todos os 17 setores, gradativamente, até 2027. É possível evitar que esses setores "percam" a desoneração ou a questão está em torno de negociar prazos e fatores que suavizem esse custo?
HH - A reforma tributária não atinge a desoneração da folha porque ela não contempla as questões sobre a contribuição de folha de pagamento. Então, vai haver, após o acordo, uma reoneração da folha de forma gradual e as empresas, então, terão que começar a se adaptar até que haja uma reforma mais abrangente.

CN - A elevação da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) pode ser interessante para a indústria, como tem defendido o Ministério da Fazenda?
HH - Sobre a elevação da Contribuição Social do Lucro Líquido, eu creio que qualquer aumento de carga tributária nunca é bem-vindo. O Brasil tem uma carga tributária já bastante elevada, de 34% em relação ao PIB, mas entrega serviços que deveriam ser custeados pelo governo. É fundamental uma reforma da máquina administrativa, uma reforma completa administrativa para que possamos reduzir o Custo do Brasil, ou seja, o Custo do Estado. E, com isso, poderíamos ter uma diminuição da carga tributária. Somente com a diminuição da carga tributária, vamos ter mais competitividade e mais investimentos. Com o próprio fomento da economia, a arrecadação também aumentaria. Então, precisamos fazer um exercício muito rapidamente, mas agora parar de olhar essa questão de arrecadação de tributos e aumento de tributos. E, sim, precisamos olhar para uma revisão dos custos do estado.

CN - O Movimento Desonera Brasil mostrou que os 17 setores beneficiados geraram 151 mil empregos formais em janeiro e fevereiro deste ano, com salários 12,7% maiores do que os de setores sem desoneração. O Ciesp acredita que possa haver desemprego caso a desoneração chegue ao fim, sem formas de compensação bem alinhadas?
HH - A desoneração da folha é importante para os 17 setores, isso já foi demonstrado ao longo do tempo e eu acho que não precisa ser mais comprovado. É claro que é uma questão de sobrevivência. A carga tributária já é muito elevada, essas empresas, esses 17 setores, são os que mais empregam. Então, aumentando a carga tributária, obviamente, retira-se o potencial de novos investimentos. Há, inclusive, uma grande perda de empregos, os próprios sindicatos trabalhistas e centrais trabalhistas apoiam o movimento porque realmente temem que se percam empregos, então, é algo para o qual o governo tem de olhar mais. Promover uma desoneração significa mais investimentos e mais empregos.

CIESP.

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