Processo eleitoral venezuelano é alvo de desconfianças de outros países. Votação está marcada para 28 de julho. Durante evento em São José dos Campos (SP), petista disse que 'todo mundo gosta do Brasil e o Brasil tem que gostar de todo mundo'. 'Eles que elejam o presidente que eles quiserem', diz Lula sobre eleições na Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (19) não ter razões para brigar com a Venezuela, com a Nicarágua e com a Argentina e que não cabe interferência no processo eleitoral de outros países.
Lula deu as declarações durante cerimônia de anúncio de investimentos em obras na Via Dutra e Rio-Santos. Na avaliação do presidente, "todo mundo gosta do Brasil" e "o Brasil tem que gostar de todo mundo".
"Uma coisa que o Brasil tem que ninguém tem: não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém como o Brasil. Não existe", afirmou.
"Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado, o que que o Brasil ganha e o que que o Brasil perde nesta relação", completou Lula.
O petista fez os comentários um dia depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que é candidato à reeleição, afirmar que pode haver "banho de sangue" e "guerra civil" na Venezuela caso ele não vença as eleições (saiba mais no vídeo abaixo).
O governo brasileiro silenciou e não se pronunciou oficialmente sobre as falas controversas do mandatário venezuelano.
Desconfiança internacional
Às vésperas de eleição na Venezuela, Maduro fala em 'banho de sangue'
A Venezuela realiza eleições em 28 de julho sob desconfiança da comunidade internacional de que o regime de Nicolás Maduro não assegure votações livres e democráticas — o que contraria um compromisso formal assinado em outubro de 2023.
Seu principal concorrente, escolhido a partir de uma coalizão de partidos opositores, é o ex-diplomata Edmundo González.
Maduro concorre ao terceiro mandato consecutivo — o primeiro foi em 2013. González foi anunciado pela Plataforma Democrática Unitária (PUD) após Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais.
Em março, a PUD declarou que o "acesso ao sistema de inscrição" da candidata não tinha sido permitido.
Antes, a opositora María Corina Machado, uma das favoritas a desbancar Maduro, havia sido afastada da corrida eleitoral pelo Supremo Tribunal de Justiça, alinhado ao governo chavista.
Em outubro, o governo Maduro e a oposição assinaram o Acordo de Barbados, segundo o qual haveria eleições democráticas na Venezuela.
Além do Brasil, ao menos 11 países manifestaram preocupação com as eleições (Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Chile, Equador, Costa Rica, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai).