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Bolsonaristas temem efeito de investigações sobre 'Abin paralela' nas eleições municipais

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Por André Miranda

12/07/2024 às 10:06:40 - Atualizado há
Alexandre Ramagem, escolhido novo diretor-geral da PF, cumprimenta Bolsonaro em foto de julho de 2019

Adriano Machado/Reuters

Apesar de não ser um tema da eleição municipal, a operação deflagrada nesta quinta-feira (11) pela Polícia Federal sobre a Abin paralela pode ter efeito negativo para candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Aliados do político temem, por exemplo, a divulgação do conteúdo do áudio citado nos relatórios da PF que registra uma reunião entre o ex-presidente e Alexandre Ramagem – que era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no período investigado.

A depender do que está gravado, a força política de Bolsonaro pode ser afetada durante as eleições municipais. Principalmente nas grandes capitais, como São Paulo, Rio e Belo Horizonte.

"Grampo de inimigo já é complicado, agora, grampo de um amigo é muito pior", analisa um aliado do ex-presidente da República no Congresso Nacional.

Segundo um interlocutor de Bolsonaro, uma eventual conversa do então no sentido de tentar ajudar, de forma irregular, seu filho Flávio Bolsonaro (senador, PL-RJ) pode ter um efeito explosivo – e deixar Jair acuado.

É possível prever, desde agora, um efeito imediato: danos à pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à prefeitura do Rio.

Ramagem foi lançado na disputa pelo ex-presidente, mas agora a cúpula do PL já avalia se faz sentido manter ou não o ex-diretor-geral da Abin na eleição municipal.

Veja em 5 pontos o que a operação da PF revelou sobre a Abin paralela

Polícia Federal deflagra nova fase de operação que investiga esquema de espionagem ilegal dentro da Abin no governo Bolsonaro

Reunião gravada

A existência de uma gravação de uma reunião entre Bolsonaro, Alexandre Ramagem, general Augusto Heleno e uma advogada de Flavio Bolsonaro se transformou no grande tema das conversas entre aliados do ex-presidente depois que o sigilo da quarta fase da Operação Última Milha foi retirado.

Segundo as investigações da Polícia Federal, no encontro, Ramagem teria discutido uma estratégia para anular um processo contra o filho de Bolsonaro e perseguir auditores da Receita que atuaram no caso.

"Por que Ramagem não destruiu esse áudio? Qual era o objetivo dele? Por que ele fez a gravação?" são algumas das perguntas nas conversas entre bolsonaristas de alto escalão.

Esses aliados do ex-presidente destacam a confiança que Bolsonaro sempre depositou em Ramagem – defendendo-o publicamente da acusação de ter criado uma Abin paralela para monitorar adversários do ex-presidente da República.
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