Presidente e governador de São Paulo estão em lados opostos na disputa pela prefeitura da capital do estado. No discurso, Lula também fez críticas a Jair Bolsonaro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante pronunciamento em Salto, no interior de São Paulo
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou nesta quinta-feira (4) a ausência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um evento de entrega de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Salto, no interior do estado.
O presidente da República e o governador de São Paulo estão em lados opostos na disputa pela prefeitura da capital do estado. Enquanto Lula apoia o pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, Tarcísio é favorável à reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
"Eu não tenho que perguntar se o governador gosta ou não gosta de mim. Eu não quero casar com o governador. Eu quero governar esse país. E é por isso que eu venho. É uma pena, porque o governador poderia vir com a gente, mas ele não vem em nenhum lugar que eu convido", afirmou Lula.
Nas últimas semanas, o petista tem viajado a diferentes regiões do país e se engajado nas pré-campanhas municipais, sobretudo, nas capitais.
No pronunciamento, o presidente também afirmou que nesta quinta visitará obras em Campinas (SP) que são tocadas também com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal. Ele disse ter convidado Tarcísio, mas afirmou que o governador não vai comparecer.
"Ele [Tarcísio] está convidado para vir, mas ele não vem. Ele não vem porque ele diz: 'O dinheiro é do BNDES, não é do Lula, eu tomei emprestado e eu vou pagar'. O que ele tem que saber? É que o BNDES empresta dinheiro para governador no meu governo, porque no governo deles não emprestava um centavo", declarou.
Tarcísio atuou no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no governo de Dilma Rousseff (PT), mas ganhou visibilidade nacional como ministro de Infraestrutura no governo de Jair de Bolsonaro (PL).
Sem histórico na política paulista, Tarcísio foi lançado pelo ex-presidente para concorrer ao governo do estado em 2022. Na ocasião, o atual governador derrotou Fernando Haddad (PT), apoiado por Lula.
Tarcísio é um dos nomes especulados como possível candidato ao Palácio do Planalto em 2026, com o apoio de Bolsonaro, que está inelegível. Sem citar o ex-presidente ou aliados, Lula já declarou que poderá concorrer ao quarto mandato "para evitar que trogloditas voltem a governar'" o Brasil.
O petista e Tarcísio dividiram palanque no começo deste ano, em Santos, porém o governador não tem comparecido a eventos ao lado do presidente (relembre no vídeo abaixo). Outros governadores adotaram a mesma postura nas últimas viagens de Lula, a exemplo de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais.
No evento desta quinta, Lula entregou as chaves de 280 ambulâncias do Samu que serão disponibilizadas a 248 municípios do interior de São Paulo.
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Críticas a Bolsonaro
Lula, mais uma vez, aproveitou o discurso para criticar o governo Bolsonaro sem citar o nome do ex-presidente. Segundo o petista, não houve investimento nas últimas gestões para renovar a frota do Samu.
"O Brasil não é um país pequeno. O Brasil é um país grande. O problema desse país é que muitas vezes ele foi governado por gente que tinha pouca massa encefálica na cabeça e não pensava corretamente sobre o futuro do país", disse Lula
O presidente também afirmou que, durante a pandemia de Covid-19, o Brasil tinha um "governante irresponsável, que brincou com a saúde do povo brasileiro".
Para Lula, o Samu e os profissionais de saúde evitaram um desastre maior no país – mais de 700 mil pessoas morreram em três anos.
"Eu nunca vi na história da sociedade brasileira alguém receitar remédios sem anuência dos médicos. Eu nunca vi alguém inventar remédio para malária para cuidar da Covid. Nesse país se inventou tudo e se contou tudo que é mentira. Graças a Deus prevaleceu a verdade, e o SUS está aqui", declarou Lula.