Presidente licenciado do Solidariedade e um suspeito ligado a ele permanecem presos. Ministro Raul Araújo do TSE determinou que quatro soltos cumpram medidas cautelares. Eurípides Júnior, presidente do Solidariedade, se entrega à PF depois de 3 dias foragido.
O ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a soltura de cinco pessoas presas pela Polícia Federal na Operação Fundo no Poço, que apura um suposto esquema de desvio em 2022 de verbas partidárias do PROS – legenda que foi incorporada ao Solidariedade em 2023.
Com as decisões de Raul Araújo, dos sete presos pela Polícia Federal, somente dois permanecem presos: o presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Gomes Júnior; e Felipe Espírito Santo, também investigado no suposto esquema.
Entenda como funcionava o esquema investigado pela PF
Saiba quem é Eurípedes Júnior
Nesta sexta (21), o ministro do TSE determinou a soltura do advogado Bruno Pena, que é apontado como testa de ferro de Eurípides no suposto esquema de desvio de recursos eleitorais. Para Raul Araújo, não há elementos que justifiquem a prisão.
"Não há indicação concreta de quais empresas fantasmas foram criadas, tampouco por quais meios e em quais datas, apenas como exemplo, sendo genéricas as razões lançadas acerca do preenchimento dos requisitos de ordem pública e conveniência para instrução criminal, sob o fundamento de que o paciente poderia, ainda, 'manipular provas'", escreveu Raul Araújo na decisão.
Neste sábado (22), o magistrado determinou a soltura de mais quatro presos, que terão de cumprir medidas cautelares. São eles:
Armisson Gonçalves de Lima
Cíntia Lourenço da Silva
Alessandro Sousa da Silva
Fabrício George Gomes da Silva
A decisão foi tomada porque os investigados alegaram problemas de saúde ou necessidade de auxiliar familiares em tratamentos.
Raul Araújo determinou, no entanto, que os quatro soltos cumpram as seguintes medidas:
não podem manter contato com os demais investigados e pessoas relacionadas a fatos investigados pela Polícia Federal
recolhimento domiciliar à noite e nos dias de folga
uso de tornozeleira eletrônica
Suspeita de desvios milionários
As investigações começaram a partir de uma denúncia feita por Marcus Vinicius Chaves de Holanda, que foi presidente do PROS. Ele acusou Eurípedes Júnior de desviar cerca de R$ 36 milhões do partido.
No dia 12 de junho, os policiais federais foram às ruas para bloquear R$ 36 milhões e 33 imóveis do grupo.
Na ocasião, Eurípides não foi encontrado em casa pelos agentes durante a operação. Ele tinha uma viagem marcada, mas também não compareceu ao aeroporto. O dirigente partidário chegou a ter o nome incluído na lista vermelha da Interpol, antes de se entregar no último sábado (15).
Na última terça-feira (18), ele foi transferido da Superintendência da PF no Distrito Federal para a Papuda.
Helicóptero apreendido
PF apreendeu em Goiânia helicóptero que teria sido comprado com dinheiro público desviado de fundos do PROS
Divulgação/PF
Os mandados foram autorizados pela Justiça Eleitoral do Distrito Federal. Em Goiás, a PF apreendeu R$ 26 mil em espécie.
Também foi apreendido, em Goiânia, um helicóptero registrado em nome do PROS. A aeronave teria sido adquirida com recursos públicos desviados dos fundos do partido. O helicóptero teria custado R$ 2,4 milhões.
A aeronave, modelo R66, estaria sendo usada somente pra fins particulares do presidente do Solidariedade, Eurípedes Junior. Ele também emprestava o helicóptero para amigos e familiares, segundo os investigadores.
O que diz o presidente licenciado do Solidariedade
O presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Júnior (de branco), em imagem desta quinta-feira (20)
Luiz de Castro/TV Globo
No dia em que Eurípedes se entregou à Polícia Federal, a defesa do presidente do solidariedade divulgou a seguinte nota:
1- Após ter se licenciado do exercício das suas funções de dirigente partidário, o Sr. Eurípedes Gomes Macedo Júnior, voluntariamente, apresentou-se à Polícia Federal do Distrito Federal, para permitir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em seu desfavor.
2- Os advogados que integram a sua defesa afirmam que o Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva.
Brasília, 15 de junho de 2024
Em nota, o Solidariedade informou que Eurípedes solicitou licença da presidência da legenda por prazo indeterminado. O deputado federal Paulinho da Força (SP) assumiu o comando nacional da sigla.