O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta quarta-feira (19) que o governo mantém a decisão de fazer um leilão para compra de arroz.
"Vai ter leilão. É um compromisso do presidente Lula que a Conab cumpra o seu papel de ter estoques mínimos para poder atuar, combater especulação", afirmou o ministro .
O leilão de importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado pelo governo federal na semana passada após a identificação de indícios de incapacidade técnica e financeira entre algumas das empresas vencedoras.
O arroz importado seria vendido em pacotes de 5 quilos a um preço tabelado de R$ 20, com rótulo do governo. Atualmente, nos supermercados de São Paulo, o pacote de 5 quilos é vendido, em média, por R$ 30
A decisão de importar arroz foi tomada poucos dias após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, visando evitar a alta nos preços do alimento devido à dificuldade de transporte do grão para o restante do país. No entanto, a medida contrariou os produtores locais, que afirmam haver arroz suficiente para abastecer o Brasil. O Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional do grão, já havia colhido 80% do cereal antes das inundações.
O evento gerou controvérsias não apenas por questões técnicas, mas também por supostos favorecimentos.
Um ex-assessor parlamentar do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foi apontado como intermediador da venda de 44% do arroz no leilão, o que levou a críticas da oposição e de associações de produtores. Ele deixou o cargo.
Adicionalmente, nenhuma empresa tradicional do setor participou do leilão, conforme informado por uma das bolsas que operou a negociação. A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só descobre as empresas vencedoras após os resultados, uma vez que as negociações são intermediadas por bolsas de cereais.