Enquanto no plenário do Senado o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se esforçava para derrotar o governo e barrar a taxação das compras de sites internacionais, o empresário Luciano Hang, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez questão de ligar para o senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para agradecê-lo pela defesa da tributação como forma de defender o empresariado nacional.
Hang fez parte de um grupo de empresários que se envolveu diretamente na campanha da reeleição de Bolsonaro. Por sinal, o empresariado nacional, em sua maioria, votou no ex-presidente na última eleição, mas, agora, defendia uma medida que o filho dele criticava e buscava votos para derrotar o governo.
"Ele [Luciano Hang] me ligou para agradecer meu discurso de ontem [terça-feira] no plenário, no qual defendi a tributação para evitar uma concorrência desleal de empresas chinesas. O mundo todo está fazendo isso. Os Estados Unidos subiram os impostos de importação de carros elétricos chineses para evitar uma invasão no seu mercado", disse o senador Omar Aziz.
'Taxa das blusinhas': Senado aprova taxação de compras internacionais de até US$ 50
Apoiador do presidente Lula, Omar Aziz falou que a ligação do empresário faz parte da política civilizada que o Brasil precisa voltar a ter. "Temos posições políticas divergentes, mas isso não significa que somos inimigos. Podemos estar juntos e estamos em temas de interesse do Brasil", afirmou o senador, que foi presidente da CPI da Covid, na qual Bolsonaro foi apontado como um dos responsáveis pela crise de saúde durante da pandemia do coronavírus no Brasil.
O Senado aprovou nesta quarta-feira (5), o programa Mover e a tributação das compras em sites internacionais, principalmente chineses. Depois de derrotas na semana passada, gerando turbulências na base aliada do presidente Lula, o governo teve um dia de vitórias no Senado Federal. Derrotou a oposição que tentava barrar a tributação de compras em sites internacionais no valor de até US$ 50 em 20%.
A mudança no clima, que estava carregado desde a semana passada, se deu porque o tema em pauta era da agenda econômica, não um tema de costumes conservadores.
O Senado aprovou primeiro o programa Mover, depois a taxação das comprinhas chinesas, em votação simbólica, driblando a estratégia da oposição de tentar expor os votos de senadores favoráveis à tributação.
Mesmo assim, o que se viu no plenário foram senadores governistas defendendo a medida como necessária para proteger a indústria nacional, que anda prejudicada e, no resultado do PIB do primeiro trimestre, teve crescimento estável, levemente negativo.