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G1 - Política

Investigações em BA e SP apontam CACs como fornecedores de armas para facções

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Em São Paulo, PF apurou que PCC usou armas com registros legais para assaltos a bancos conhecidos como novo cangaço. Na Bahia, grupo suspeito inclui 4 detentores de registro de caçador, atirador e colecionador. Armas e munições apreendidas em operação eram fornecidas por CACs ao PCC

Divulgação/ PF e MP

Colecionadores de armas, atiradores e caçadores (CACs) se tornaram fornecedores de armas e munições para facções criminosas no país, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo e da Bahia.

Em 2019, a política de flexibilização de acesso às armas no governo de Jair Bolsonaro (PL) restringiu por decreto a necessidade de apresentação de certidão de antecedentes criminais ao local de residência atual de quem solicita o registro de CAC.

Segundo os investigadores, quadrilhas especializadas em ataques conhecidos como novo cangaço ou domínio de cidades utilizam armas fornecidas por CACs em ações que mobilizam um grande número de criminosos para bloquear ruas e rodovias com o objetivo de assaltar carros-fortes e bancos, impedindo a reação das forças de segurança.

De onde vêm armas, munições e explosivos usados por quadrilhas do 'novo cangaço' em ataques recentes a bancos no Brasil?

Na terça-feira (21), a PF e o Ministério Público de São Paulo deflagraram a operação BAAL para prender integrantes de uma quadrilha do "novo cangaço". Até a última atualização desta reportagem, 13 pessoas foram presas, sendo oito no estado de São Paulo. Todos são investigados por participação no esquema que usa CACs para obter armas para criminosos.

Entre os presos estão pelo menos quatro CACs ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista que atua dentro e fora dos presídios.

PF e MP fazem ação contra quadrilha do 'novo cangaço' em SP e em outros estados

Divulgação/ PF e MP

Segundo a polícia e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a investigação começou a partir de uma tentativa de roubo a uma base de valores em abril de 2023, na cidade de Confresa, no Mato Grosso.

Na época, criminosos foram presos ou mortos no confronto com as forças de segurança. Um deles era membro do PCC, morava em São Paulo, participou da execução do crime e forneceu as armas utilizadas.

Os principais fornecedores das armas de fogo e de munições utilizadas pela PCC são CACs, aponta a investigação.

"O relacionamento dessa organização criminosa com os CACs foi apurado no sentido que eles fornecem tanto armas e munições que eles adquirem legalmente. Ou seja, eles alugam essas armas, como também [as conseguem] pelos canais informais deles. Então, pelo fato deles estarem numa rede de atiradores, isso facilita com que eles adquiram armamento legal, tanto ilegal quanto legal, que eles fornecem para essas pessoas", afirma o delegado da PF Jeferson Di Schiavi.

Entre os alvos presos com registro de CAC estão um comerciante e um vigilante de uma empresa de transporte de valores.

O esquema financiou pelo menos quatro crimes conhecidos como "domínios de cidade", segundo a investigação:

Criciúma/SC (2020)

Araçatuba/SP (2021)

Guarapuava/PR (2022)

Confresa/MT (9/4/2023)

A PF investiga se os CACs foram aliciados pelo crime organizado ou se obtiveram o registro já com o objetivo de financiar ataques do PCC.

O grupo alvo da operação BAAL também é investigado por execuções na cidade de Avelino Lopes (PI) e pela disputa de território para o comércio de drogas em Osasco, na Grande São Paulo, segundo o promotor de Justiça Eduardo Veloso. "É um grupo que atua em todo país, mas com base em São Paulo e com grupos bem atuantes no Norte e no Nordeste do país", afirmou.

'Como se fosse um traficante de arma'

Também na terça, a PF na Bahia deflagrou a operação Fogo Amigo, com objetivo de prender criminosos que abasteciam com armas de fogo diversas facções criminosas no estado, em Alagoas e em Pernambuco.

Segundo as investigações, entre as armas negociadas pelo grupo estavam fuzis e espingardas calibre 12 semiautomáticas, que são frequentemente utilizados em assaltos de tipo novo cangaço.

A investigação identificou o envolvimento de 4 CACs no esquema.

"Os CACs, na verdade, não são todos, mas os que estão atuando com o objetivo de lucro, eles passam a atuar também fora da lei, como se fosse um traficante de arma. Eles conseguem adquirir essas armas através de empresas, empresas inicialmente legalizadas, eles cumpram essas munições", diz o Rodrigo Motta de Andrade, chefe da Delegacia Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal na Bahia.

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