Nísia Trindade diz que governo trabalha em um plano para atender a população: 'estado de calamidade'. Mais de 90 pessoas morreram por conta das enchentes que atingiram o estado. Não é um cenário que deva ter uma melhora nas condições de saúde, diz ministra
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acredita que a situação da saúde no Rio Grande do Sul por conta das enchentes que atingiram o estado vão exigir atenção mesmo depois que a água baixar por conta de doenças, como leptospirose, e da necessidade de atendimentos de urgência, já que muitos hospitais deixaram de funcionar por conta das inundações.
"Nós podemos ter vários problemas de saúde pública na sequência, quando a água começa a baixar dada a esse total colapso na cidade. Então, é muito difícil fazer uma previsão, mas, certamente, não é um cenário que a gente deva ter uma melhora nas condições de saúde. E, certamente, não nos próximos dois meses é possível dizer isso. O que vai acontecer é que haverá melhora em alguns lugares mas não em outros e temos que estar atentos a cada realidade do estado", disse em entrevista à GloboNews.
Nesta terça (7), a ministra disse ao Conexão GloboNews que o Ministério da Saúde vai publicar uma portaria com remessa imediata de recursos para a saúde no estado do Rio Grande do Sul. "Nós vamos hoje publicar uma portaria com a destinação de R$ 63 milhões com a destinação para custeio de ações emergenciais", afirmou Nísia.
Nísia afirmou que há preocupação com a falta de hospitais que foram atingidos pelos alagamentos possa prejudicar pessoas que precisem de atendimento, de hospitalização e de cirurgias de emergência, hemodiálise e tratamentos oncológicos. "Estamos trabalhando em um plano junto com a Secretaria de Saúde do RS e municípios para cada local, porque as realidades vão ser diferentes no Estado. É um grande trabalho em uma calamidade. É um conjunto de ações neste cenário impreciso."
A ministra ressaltou a importância do cuidado das pessoas que estão trabalhando nos resgates que estão em contato com a água da enchente, que pode estar contaminada. "Que usem botas, proteção, o que é muito importante para as equipes de resgate. Vamos ter que, ao longo de 30 dias, acompanhar sintomas das pessoas. Não se recomenda uso de antibioticos em massa. Mas quando a pessoa tem febre, dor lombar e dor na panturrilha, são alguns dos sintomas de leptospirose. Isso pode levar um tempo de até 30 dias. Então, tem que monitorar esses sinais".
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Centro histórico de Porto Alegre segue alagado nesta terça-feira (7).
Reprodução/TV Globo
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou para 95 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. O boletim divulgado na tarde desta terça-feira (7) ainda aponta que há outros 4 óbitos sendo investigados. O estado registra 131 desaparecidos e 372 feridos.
Há 207,8 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 48,8 mil em abrigos e 159 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
O RS tem 401 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,4 milhão pessoas afetadas.
As rodovias estaduais registram bloqueios totais e parciais em 95 trechos de 41 estradas.
Hospitais de campanha foram montados pelo governo federal para auxiliar pessoas feridas e desabrigadas. No momento, os municípios de Estrela, Canoas e São Leopoldo foram contemplados pelas estruturas.
Segundo a nova atualização, são 451 mil pontos sem luz no estado. Na área da CEEE Equatorial, são 206 mil imóveis sem energia. A RGE Sul tem 245 mil imóveis afetados.
A Corsan totaliza 649 mil clientes sem abastecimento de água no estado. Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) informou que religou a Estação de Tratamento de Água (ETA) São João na manhã desta terça. Trinta e cinco bairros da Zona Norte são abastecidos. Outras quatro estações estão fora de operação.
Colapso em Porto Alegre: população se desloca para interior e litoral enquanto capital gaúcha enfrenta falta d'água e energia