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Equipe de Lula já se preocupa com chance de BC encerrar ciclo de queda de juros antes do previsto

Governo propõe reduzir meta para as contas públicasO Brasil deu azar em mudar a meta fiscal em um momento de piora do cenário internacional, fazendo o dólar disparar nos últimos dias.

Por André Miranda

17/04/2024 às 09:44:25 - Atualizado há
Foto: G1 - Globo
Governo propõe reduzir meta para as contas públicas

O Brasil deu azar em mudar a meta fiscal em um momento de piora do cenário internacional, fazendo o dólar disparar nos últimos dias. O reflexo já começa a ser sentido nas taxas de juros de longo prazo.

Esse movimento pode levar o Banco Central a interromper o ciclo de queda da taxa Selic antes do previsto, o que já preocupa a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Assessores presidenciais avaliam que a reação do mercado é exagerada neste momento, porque a economia brasileira está em fase positiva, com crescimento, taxa de desemprego baixa e inflação sob controle.

Por isso, auxiliares de Lula temem uma mudança de rumo do Banco Central, que poderia reverter o cenário favorável da economia neste início de ano.

Por enquanto, o governo continua acreditando que na próxima reunião do Copom, nos dias 7 e 8 de maio, o Banco Central vai fazer um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que cairia de 10,75% para 10,25%.

A dúvida é a partir da reunião seguinte, nos dias 18 e 19 de junho. Se o mercado seguir volátil, com um dólar acima de R$ 5, o BC pode, no mínimo, reduzir a intensidade dos cortes, de 0,50 para 0,25 ponto percentual.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que ainda há espaço para novas reduções na taxa de juros, mas admite que o cenário internacional negativo pode influenciar os próximos passos do Comitê de Política Monetária do Banco Central.

A equipe de Haddad lembra que não é só o real que está sofrendo nos últimos dias. Até o peso mexicano, que estava sendo a estrela da economia emergente, foi atingido na terça (16) e perdeu cerca de 1,4%.

A avaliação de interlocutores do presidente Lula é que o Brasil foi atingido por uma tempestade perfeita, com os agentes de mercado ficando mais receosos devido a uma soma de fatores: dólar mais forte, atraindo investimentos para os EUA, mudança na meta fiscal, interferência na Petrobras, queda de popularidade e medidas na área de energia.

Tudo somado, o real penou nos últimos dias, fechando na terça na casa de R$ 5,26. A palavra de ordem dentro do governo é ter sangue frio, e melhorar a comunicação para conter o discurso da ala política do governo, que está comemorando a mudança da meta como mais espaço para gastos, o que, na prática, é verdade.
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