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Em visita de Lula, Brasil será homenageado em principal feira literária da Colômbia

Feira Internacional do Livro de Bogotá começa nesta quarta-feira (17), dia em que se completa 10 anos da morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

Por André Miranda

17/04/2024 às 00:40:27 - Atualizado há
Foto: Poder360
Feira Internacional do Livro de Bogotá começa nesta quarta-feira (17), dia em que se completa 10 anos da morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Presidente brasileiro participa da abertura do evento. A Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo 2024), na Colômbia, começa nesta quarta-feira (17), dia em que se completam 10 anos da morte do escritor Gabriel García Márquez — uma das maiores referências da literatura do país e vencedor do Prêmio Nobel.

A 36ª edição da feira dará protagonismo a autores do Brasil. O país será homenageado pela terceira vez no principal evento literário da nação vizinha, que tem como tema este ano "Ler a natureza".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Bogotá e participará da abertura do evento, ao lado do presidente colombiano Gustavo Petro.

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Como convidado de honra desta edição, o Brasil estará sendo representado por 29 escritores, além de uma delegação de 90 convidados e mais de 50 intelectuais.

Entre os nomes da literatura nacional confirmados na programação do evento, estão Ailton Krenak, ambientalista, filósofo e poeta, primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL); Raphael Montes, escritor e roteirista, autor dos romances "Suicidas", "Dias perfeitos", "O vilarejo", "Jantar secreto" e "Uma mulher no escuro", vencedor do Prêmio Jabuti 2020; e Geovani Martins, um dos novos talentos da literatura brasileira contemporânea, autor de "O Sol na Cabeça" e "Via Ápia".

Para a escritora Socorro Acioli, que conheceu García Márquez em 2006 — ao ser a única brasileira selecionada para a oficina de roteiros ministrada pelo colombiano — a relação política conturbada dele com a Colômbia faz com que a efeméride não seja prioridade frente ao interesse na troca política diplomática com o Brasil.

"Ele [García Márquez] teve uma relação conturbada com o país. Ele morou em Barcelona (Espanha), depois no México, e não voltou mais. O envolvimento político dele, a relação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Acontece com ele o que acontece com o Paulo Coelho aqui. Fora do Brasil elogiam, gostam, e no Brasil tem esse problema com ele. É um fenômeno que é tratado desse jeito", destaca a escritora.

García Márquez se exilou no México depois de ser acusado de colaborar com a guerrilha colombiana. Na mesma época escreveu aquele que seria sua obra-prima, "Cem Anos de Solidão".

Entretanto, García Márquez foi homenageado em outra edição da FILBo, em 2015 — um ano após sua morte.

10 anos da morte de 'Gabo' e livro póstumo

"El Gabo", como era conhecido García Márquez na América Latina, morreu aos 87 anos no dia 17 de abril e 2014. Desde 1999, ele lutava contra um câncer linfático.

Em 6 de março deste ano — data em que Gabo faria 97 anos se estivesse vivo — foi lançado mundialmente um livro póstumo inédito do escritor colombiano. A obra, intitulada "Em agosto nos vemos", pinta o retrato de uma mulher que descobre seus desejos e se aprofunda em seus medos.

Considerado um dos mais importantes escritores do século 20 e um dos mais renomados autores latinos da história, Gabriel García Márquez nasceu em Aracataca, na Colômbia. Chegou a estudar direito e ciências políticas na Universidade Nacional da Colômbia, mas não concluiu o curso, preferindo iniciar carreira no jornalismo.

Seu primeiro romance, "A revoada (O enterro do diabo)", foi escrito no início da década de 1950, mas publicado apenas em 1955, por iniciativa de amigos, enquanto ele estava na Europa.

Já tendo como cenário a cidade de Macondo, que apareceria em outras de suas obras, o livro tinha como narradores três personagens: um velho coronel, a filha dele, e o neto dele, ainda criança. O sucesso internacional, no entanto, veio principalmente após a publicação de seu romance mais famoso, "Cem anos de solidão", em 1967.

Obra-prima de García Márquez, "Cem anos de solidão" é considerado, ao lado de "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes, um dos livros mais importantes da literatura em língua espanhola. Foi traduzido para 35 idiomas. Exemplo máximo do realismo fantástico – gênero característico do boom latino-americano da segunda metade do século 20 –, "Cem anos de solidão" se passa na fictícia aldeia de Macondo e acompanha, ao longo de gerações, a saga da família Buendía.

Entre seus títulos mais conhecidos estão ainda "A incrível e triste história de Cândida Eréndira e sua avó desalmada", "O outono do patriarca", "Crônica de uma morte anunciada", "Do amor e outros demônios", "Memórias de minhas putas tristes" e "O amor nos tempos do cólera".

"Foi a época em que fui quase completamente feliz. Gostaria que minha vida tivesse sido como naqueles anos em que escrevi 'O amor nos tempos do cólera'", afirmou García Márquez ao "The New York Times" três anos após a publicação desse livro.

Aqui, o autor resgata a verdadeira história da paixão de seu pai, que também se chamava Gabriel, por Luiza, sua mãe. O pai dela reprovava a relação e conspirava contra. No livro, o casal se chama Florentino e Fermina. "Todas essas coisas para mim são parte da nostalgia. Nostalgia é uma fonte incrível para inspiração literária, para inspiração poética", comentou na mesma entrevista ao jornal americano.

Márquez recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra. Foi o primeiro colombiano e quarto latino-americano a receber o prêmio, e, na ocasião, agradeceu com um discurso intitulado "A solidão na América Latina".

"El Gabo" continuou escrevendo até o final da década de 90, mas seu trabalho foi reduzido a partir de 1999, quando recebeu o diagnóstico de um câncer linfático. Em 2002, ainda em tratamento, publicou sua autobiografia, "Viver para contar". A aposentadoria oficial do escritor foi anunciada em 2009 por agentes literários.
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