Câmara mantém prisão do deputado Chiquinho Brazão; placar foi de 277 a 129
O grupo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), queria derrotar o Supremo Tribunal Federal (STF) na votação desta quarta-feira (10) que acabou mantendo a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandates do assassinato de Marielle Franco.
Não conseguiu. Mas mesmo assim, avaliou que o placar apertado foi um recado para o Supremo.
Segundo aliados de Lira, se uma nova prisão de deputado for determinada daqui para a frente, ela só será mantida se for muito bem embasada, não deixando espaço para questionamentos.
O presidente da Câmara e aliados comentavam após a votação – em que a esquerda conseguiu manter a prisão com apenas 20 votos de diferença – que, se não fosse um caso emblemático como o da vereadora Marielle, o resultado teria sido outro.
Deputado Chiquinho Brazão (sem partido), preso suspeito de mandar matar Marielle.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
A própria esquerda admitia que esperava mais votos, acima de 300, diante de um caso de repercussão não só nacional como internacional.
Deputados do Psol e do PT avaliavam que se o quórum total tivesse sido mais alto haveria o risco de derrota, mas alguns deputados faltaram exatamente para não votar num tema tão polêmico como de ontem.
Veja como votaram os deputados e os partidos sobre a prisão de Chiquinho Brazão
Ao final, a esquerda conseguiu o apoio praticamente fechado do PSD e do MDB, vitais para o resultado final. E até deputados de partidos do Centrão votaram pela manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão.
O PP de Arthur Lira, por exemplo, deu mais votos contra o deputado, 18, do que a favor de sua libertação, 10.
O Republicanos votou em sua maioria com a esquerda, 20 a 8, a favor de que o deputado permaneça preso. O União Brasil se dividiu. No partido, 16 deputados foram a favor da prisão e 22, contra.
O União Brasil tem o candidato preferido de Arthur Lira para sua sucessão, o líder Elmar Nascimento. No Republicanos, o presidente do partido, Marcos Pereira, não votou, e seu partido votou mais pela prisão do que para a soltura do parlamentar, ganhando pontos para a sucessão de Lira.
Já o PSD, que tem o deputado Antônio Brito como um dos concorrentes ao posto de presidente da Câmara, votou em peso a favor da prisão: 35 a 2. No MDB, que também tem um candidato ao lugar de Arthur Lira, o deputado Isnaldo Bulhões, o placar também foi amplamente favorável à prisão: 32 a 6.