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CCJ da Câmara dá aval à prisão de Chiquinho Brazão; palavra final cabe ao plenário

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Por André Miranda

10/04/2024 às 15:49:31 - Atualizado há
Plenário da Casa pode manter ou revogar prisão de acusado de mandar matar Marielle Franco. Arthur Lira planeja levar o caso à análise do conjunto dos deputados ainda nesta quarta. O deputado Chiquinho Brazão em imagem do dia 26 de março de 2024

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira (10) o parecer que recomenda a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL).

A decisão, no entanto, não é definitiva. A palavra final sobre a manutenção ou a revogação caberá ao plenário da Câmara.

Por lá, os deputados poderão seguir ou rejeitar o parecer de Darci de Matos (PSD-SC). Serão necessários 257 votos para manter a prisão (maioria absoluta dos membros da Câmara), em votação aberta e nominal — quando os votos de cada parlamentar são divulgados.

Segundo a Constituição, prisões de parlamentares no exercício do mandato têm de ser submetidas aos plenários da Câmara (em casos que envolvem deputados) ou do Senado (em casos que envolvem senadores).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), planeja submeter o caso à análise do conjunto dos deputados ainda nesta quarta. No plenário, parlamentares ouvidos pelo g1 indicam que, diferentemente da CCJ, há uma divisão a respeito de manter Chiquinho Brazão detido (leia mais aqui).

Prisão preventiva

Chiquinho foi preso preventivamente no último dia 24, acusado de ser um dos mandantes da execução da vereadora e do motorista Anderson Gomes em 2018. O irmão do parlamentar, o conselheiro Domingos Brazão, do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, também foi detido.

A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e referendada pela 1ª Turma da Corte.

Há duas semanas, quando a CCJ deu início e interrompeu a discussão do caso, Chiquinho Brazão afirmou, por videoconferência, que tinha "boa relação" com Marielle. Segundo ele, eventuais divergências políticas não significam que ele está envolvido com o crime.

Questionamentos e plenário dividido

O formato da prisão de Chiquinho Brazão levou a questionamentos por parte de parlamentares de diferentes espectros políticos.

Moraes determinou a prisão preventiva (sem prazo para acabar) do parlamentar. A Constituição prevê que congressistas somente podem ser detidos em flagrante.

A defesa do deputado utilizou do instrumento adotado por Moraes para questionar a eficácia da prisão. O entendimento foi encampado por deputados ao longo da reunião da CCJ e dos últimos dias.

Segundo o advogado de Chiquinho Brazão, não houve comprovação do flagrante. "A prisão preventiva é vedada pela Constituição Federal. Temos uma prisão preventiva contra a expressa disposição do texto Constitucional", afirmou

Pela controvérsia e pelo desejo de enviar sinalizações ao Supremo, deputados ouvidos pelo g1 e pela GloboNews avaliaram que há um crescente movimento pela derrubada da prisão.

Na última terça (9), o líder do União Brasil na Casa, deputado Elmar Nascimento (BA), afirmou que vai orientar a bancada da sigla a se posicionar pela revogação da prisão. "A Constituição não prevê prisão preventiva de parlamentar", disse.

Em sua decisão, o ministro do Supremo afirmou que a prisão preventiva decretada contra Brazão cumpre os requisitos para ser considerada uma prisão em flagrante.

"A presença dos requisitos autorizadores da prisão preventiva afasta a afiançabilidade do crime, permitindo a prisão em flagrante do parlamentar", escreveu o ministro.

Relembre o caso Marielle Franco e a prisão dos suspeitos de mandar matar a vereadora do PSOL

Caso Marielle

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados a tiros, em uma emboscada no Centro do Rio, em 14 de março de 2018.

As investigações foram marcadas por trocas de delegados e promotores, e poucos avanços. Em 2023, a Polícia Federal passou a apurar o caso.

Até março deste ano, somente haviam sido apontadas as participações de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ex-policiais militares acusados de serem os executores do atentado.

O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, também foi apontado como responsável por levar o carro utilizado na emboscada para um desmanche.

Depois de seis anos do crime, uma delação premiada de Lessa ajudou os investigadores a preencher as lacunas que faltavam na resolução dos assassinatos.

A PF concluiu que a morte da vereadora foi encomendada por Domingos e Chiquinho Brazão. Também identificou que o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio na época do crime, atuou no planejamento e para atrapalhar investigações.

Rivaldo, que também foi preso no mês passado, e os irmãos Brazão negam envolvimento no crime.

Em sua delação, Ronnie Lessa indicou que a morte de Marielle foi arquitetada pelos irmãos Brazão como reação à atuação da vereadora contra um esquema de loteamentos de terra em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio, reduto eleitoral de Domingos e Chiquinho.
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