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CNJ apura conduta de juiz que mandou prender mãe por protesto em audiência contra acusado de matar o filho

Para o corregedor Luís Felipe Salomão, juiz Wladymir Perri pode ter violado deveres da magistratura ao não zelar pela integridade psicológica da depoente.

Por André Miranda

29/10/2023 às 14:29:23 - Atualizado há
Para o corregedor Luís Felipe Salomão, juiz Wladymir Perri pode ter violado deveres da magistratura ao não zelar pela integridade psicológica da depoente. Juiz dá voz de prisão para mãe que se expressou contra acusado de matar o filho dela

A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a abertura de uma apuração disciplinar sobre a conduta do juiz Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, no Mato Grosso.

Durante audiência no dia 29 de setembro, o magistrado deu voz de prisão para a mãe de um jovem assassinado a tiros, em 2016. A ordem ocorreu depois que a mulher se expressou contra o acusado do crime (relembre no vídeo acima).

'Me senti humilhada', diz mãe que recebeu voz de prisão em audiência

Na decisão, o corregedor, ministro Luís Felipe Salomão, afirmou que é preciso analisar a condução da audiência pelo magistrado, que pode ter violado deveres da magistratura ao, por exemplo, não zelar pela integridade psicológica da depoente, que neste caso era a mãe da vítima.

"No caso em exame, o juiz condutor da audiência, ao que parece, não só não procurou reduzir os danos já tão graves experimentados pela depoente, como potencializou suas feridas, ao permitir que o ato se tomasse absolutamente o caótico, findando com a prisão da declarante", escreveu o ministro.

Salomão ressaltou ainda que o juiz agiu com "truculência" em relação à promotora que acompanhou o caso.

Para o ministro, o ato pode "revelar violação ao dever de cortesia com os membros do Ministério Público ou mesmo traços de misoginia com a mulher que ocupa cargo em relação ao qual não há hierarquia funcional".

O caso

O episódio ganhou repercussão há duas semanas quando o trecho da audiência passou a ser divulgado nas redes sociais.

De acordo com a promotora do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, tudo começou quando foi perguntado à mãe se ela estava confortável em prestar depoimento na frente do réu.

Logo após a fala da mulher, o advogado do réu interveio pedindo respeito ao acusado e, em seguida, o juiz passa a repreender a mãe.

Quando a audiência foi encerrada, a mãe do jovem assassinado se levantou e jogou um copo de plástico que segurava. Em seguida, segundo a promotora, ela se voltou ao réu e disse: "da justiça dos homens você escapou, mas da justiça Deus não escapa". Neste momento, ela recebeu voz de prisão.

Depois disso, a mulher permaneceu no fórum por quatro horas após o encerramento da sessão, pois, segundo Marcelle, o juiz só lançou a ata no sistema às 20h. Na sequência, a mãe foi conduzia para delegacia e prestou depoimento.
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