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Execução de Marielle pode ter sido 'recado à oposição' do grupo político dos Brazão; questão fundiária seria 'circunstancial'

A execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) em março de 2018, que vitimou também o motorista Anderson Gomes, pode ter sido um "recado" do grupo político de Domingos e Chiquinho Brazão à oposição, avaliam investigadores que acompanharam o inquérito nos últimos seis anos.

Por André Miranda

24/03/2024 às 14:59:29 - Atualizado há
A execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) em março de 2018, que vitimou também o motorista Anderson Gomes, pode ter sido um "recado" do grupo político de Domingos e Chiquinho Brazão à oposição, avaliam investigadores que acompanharam o inquérito nos últimos seis anos.

Chiquinho, hoje deputado federal, e Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, foram presos neste domingo (24) como supostos mandantes do crime. Também foi preso o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiava a Polícia do Rio de Janeiro à época.

Segundo investigadores ouvidos pela GloboNews, a divergência entre Marielle e esse grupo sobre questões imobiliárias e ocupações clandestinas teria sido apenas uma "circunstância" para detonar o crime.

A PF também investiga o envolvimento dos irmãos com milícias no Rio, o que pode ter sido um elemento adicional no planejamento e na execução do crime.

A questão fundiária e o enfrentamento às milícias eram temas "de fundo" no mandato de Marielle (brutalmente interrompido pelo crime), mas o foco de sua atuação política estava em questões de gênero e raça.

Chiquinho Brazão, por sua vez, conseguiu aprovar como vereador naquela época um projeto que regularizava loteamentos irregulares sem aval da prefeitura – permitindo que diversas áreas que tinham ocupações clandestinas fossem, do dia para noite, regularizadas.

O PSOL votou contra, mas mesmo assim o texto foi aprovado. E na época, não gerou grandes disputas ou rivalidades. A lei foi, depois, suspensa pela Justiça do Rio por ser inconstitucional.

O projeto citado pelos investigadores é citado no relatório da Polícia Federal, tornado público neste domingo por decisão de Moraes:

"Aqui impende destacar que esse cenário [de animosidade dos Brazão contra o PSOL] recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como sendo a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de CHIQUINHO BRAZÃO à atuação de Marielle na apertada votação do PLC n.º 174/2016, externada pelo assessor ARLEI ASSUCENA".

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Pressa contra vazamentos

A operação neste domingo ocorre poucos dias após o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciar que a delação premiada de Ronnie Lessa, apontado como executor de Marielle e Anderson, tinha sido homologada.

Segundo investigadores, desde então houve "muitos vazamentos" e "movimentação dos investigados" – o que levou a Polícia Federal a apressar a captura dos suspeitos.

Os policiais apuraram, inclusive, que alguns familiares dos irmãos Brazão foram para o exterior esta semana, já no contexto da delação de Ronnie Lessa e da ida da investigação para o STF.

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