Avaliação positiva do governo Lula cai para 33%, aponta Ipec
Em queda nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ser o franco atirador na busca de encontrar responsáveis pelo aumento de sua desaprovação.
Atacou de novo o mercado financeiro, classificando-o de dinossauro voraz que quer tudo para ele e nada para o povo, e repetiu as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – caminho já trilhado pelo presidente, e que só rendeu ruídos e prejuízos para a política econômica.
Ao mesmo tempo, porém, Lula convocou uma reunião com ministros palacianos e aqueles que já foram governadores para analisar um plano de ação a fim de reverter a piora na avaliação da administração.
Lula quer ouvir principalmente os ministros ex-governadores, que lidaram recentemente com crise provocadas dentro do novo ambiente político, contaminado pela polarização nas redes sociais.
No campo das críticas ao mercado e ao BC, Lula voltou a chamar Campos Neto, de quem havia se aproximado, de "esse cidadão" que prejudica o crescimento econômico, não reconhecendo o trabalho da equipe do presidente do Banco Central em reduzir a inflação, o maior imposto para a população de baixa renda.
Na visão de economistas, essa tem sido a receita de Lula para tentar sair da defensiva. Foi assim no ano passado, volta a ser agora.
Em relação à reunião com ministros, no Palácio da Alvorada, assessores avaliam que Lula está acertando no difícil, fazendo a economia crescer, inflação cair e desemprego reduzir, e errando no mais fácil, ao adotar uma postura à esquerda em um país conservador.
Segundo esses ministros, Lula está se esquecendo que foi eleito por uma frente ampla, com o voto de eleitores de centro e que são também conservadores.
Os erros apontados são as falas sobre Israel, Venezuela e na segurança, campo em que Lula deu o azar de terem ocorrido as duas primeiras fugas em presídios federais de segurança máxima. Isso ajudou a piorar a imagem do petista.
A avaliação é que o governo precisa de alguém que seja um estrategista de comunicação, com conhecimento também de rede social, para isolar o bolsonarismo na extrema direita.
"O Lula precisa lembrar que ele foi eleito por uma frente ampla, precisa ter uma agenda a favor de todos, o que inclui evangélicos, agro e empresários, mostrar que seu governo não representa nenhum risco para proprietários de terras produtivas e que a reforma agrária do governo será feita com terras devolutas", diz um assessor presidencial.