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O que as armas do Exército tem a ver com São Longuinho?

Reza a tradição popular, que quando um fiel quer encontrar um objeto perdido, basta dar três pulinhos e - surpresa - São Longuinho faz aparecer o que estava sumido.

Por André Miranda

20/10/2023 às 08:21:23 - Atualizado há
Reza a tradição popular, que quando um fiel quer encontrar um objeto perdido, basta dar três pulinhos e - surpresa - São Longuinho faz aparecer o que estava sumido. Tanto em 2006, quanto agora, o material bélico furtado de quartéis é recuperado sem que haja resistência. Polícia Civil recupera no Rio 8 das 21 metralhadoras furtadas do Exército em São Paulo; VÍDEO

Reza a tradição popular, que quando um fiel quer encontrar um objeto perdido, basta dar três pulinhos e - surpresa - São Longuinho faz aparecer o que estava sumido. Tudo de uma forma bem suave, exatamente como aconteceu por duas vez com armas desviadas do Exército brasileiro.

Tanto em 2006, quanto agora, o material bélico furtado de quartéis é recuperado sem que haja resistência, confronto e muito menos prisão dos autores do crimes. Bem parecido com um milagre de São Longuinho.

Para lembrar: em 2006, sete homens vestindo roupas camufladas e toucas ninja invadiram o Estabelecimento Central de Transportes, em São Cristóvão, no Rio, renderam soldados e roubaram dez fuzis e uma pistola. Militares fizeram operações em 11 morros e favelas para localizá-las, mas armas foram encontradas sem a necessidade de disparar um tiro.

O arsenal brotou, quase que por milagre, numa trilha próxima à Estradas das Canoas. Na ocasião, o Exército não revelou como descobriu a localização de pistolas e fuzis.

No caso mais recente, a Polícia Civil do Rio encontrou oito metralhadoras desviadas do Arsenal de Guerra de São Paulo num carro na favela Gardênia Azul. A versão é a de que bandidos perceberam que estavam seguidos pela polícia e, ao contrário do que historicamente fazem, também não atiraram. Deixaram as armas de presente. Bandidos pacíficos.

Só o tempo e investigações - se elas acontecerem - dirão se houve algum tipo de negociação entre a facção criminosa e o Estado brasileiro. Em 2006, por exemplo, descobriu-se que São Longuinho não foi tão efetivo assim. O capitão do Exército Ailton Barros teria negociado com os bandidos a devolução das armas.

Ailton é aquele militar bolsonarista que ajudou o ex-ajudante de ordens Mauro Cid a falsificar dados de vacinação. Ele acabou expulso do Exército

Segundo os repórteres Marco Antônio Martins e Carlos de Lannoy, o então capitão Ailton combinou que, se os bandidos devolvessem as armas, o Exército iria parar com as operações policiais nas favelas.

O que efetivamente ocorreu— que a facção criminosa rival da que roubou as armas seria apontada como responsável pelo crime;

O que efetivamente ocorreu — A versão é a de que Ailton teria apresentado a superiores a proposta de acordo com o crime organizado e não foi autorizado pelo Exército. Mas mesmo assim seguiu com a empreitada, com incentivo de alguns superiores.

No caso mais recente, não há qualquer fato que contrarie a versão da polícia. O governador Claudio Castro foi às redes sociais parabenizar os policiais e o novo chefe da Polícia Civil deu entrevistas e posou com as armas apreendidas. Tudo é atribuído à inteligência policial. Mas este blog é um pouco descrente. Acredita mais em São Longuinho.
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