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Câmara aprova entrada da Bolívia no Mercosul; texto vai ao Senado

Protocolo foi assinado em 2015 pelos estados membros, em Brasília, mas precisa ser aprovado pelos parlamentos de todos os países para entrar em vigor.

Por André Miranda

18/10/2023 às 20:07:24 - Atualizado há
Protocolo foi assinado em 2015 pelos estados membros, em Brasília, mas precisa ser aprovado pelos parlamentos de todos os países para entrar em vigor. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (18), por 323 votos a 98, o protocolo de adesão para a entrada da Bolívia no Mercosul. A Oposição, a Minoria e o partido Novo orientaram contra a proposta. O PL liberou a bancada.

O acordo foi assinado em 2015, em Brasília, mas precisa ser aprovado pelos parlamentos de todos os países integrantes do Mercosul. O texto segue, agora, para o Senado.

Na sessão de terça-feira (17), o presidente da Câmara em exercício, Marcos Pereira (Republicanos-SP), chegou a colocar o protocolo em pauta para votação, mas não houve acordo por parte da oposição, que queria votar acordos feitos entre Brasil e Israel antes.

Na ocasião, Pereira fez um apelo, afirmando que o Brasil é o único país que ainda não aprovou a entrada da Bolívia no bloco.

"O Brasil, aliás — eu sou membro do Parlasul —, é o único País do MERCOSUL que ainda não o aprovou. Só falta isso para que aconteça o ingresso deste País. O prazo expira em dezembro deste ano. Eu acho que isso é muito ruim para o País", disse Pereira.

O relator da matéria na Comissão de Relações Exteriores, Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), afirmou em seu parecer, de 2018, que "com a adesão da Bolívia, o Mercosul passa a constituir um bloco com 300 milhões de habitantes, área de 13,8 milhões de quilômetros quadrados e PIB de 3,5 trilhões de dólares. A Bolívia, além de sua localização estratégica, possui reservas de gás e de lítio, além de outros minerais de valor elevado."

O parecer também destaca que o Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia e o primeiro destino de suas exportações, devido à venda de gás natural.

"No que diz respeito à integração energética, o gasoduto Brasil e Bolívia começou a entrar em operação em 1999 e esse gás é consumido nos grandes centros econômicos brasileiros, bem como desempenha papel de destaque na alimentação das usinas termelétricas.

O acordo

Os membros plenos do Mercosul são Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela chegou a fazer do bloco, mas está suspensa desde 2017 por descumprimento de algumas obrigações previstas no acordo.

Atualmente, a Bolívia é um estado associado ao Mercosul, ao lado de outros países como Chile, Peru e Colômbia.

Segundo o protocolo, a Bolívia deve adotar o acordo normativo vigente do Mercosul de forma gradual, em no máximo quatro anos a partir da data de entrada no bloco. No mesmo prazo, o país deve adotar a nomenclatura comum do Mercosul, a tarifa externa comum e o regime de origem do bloco.

Em 2015, quando o acordo foi aprovado, a então presidente Dilma Rousseff disse que trabalhou para "acelerar trâmites" a fim de possibilitar a "entrada tranquila" da Bolívia no bloco.

Acordos com Israel

Na mesma sessão, os deputados também aprovaram três acordos entre Brasil e Israel. Os documentos foram assinados anos antes da deflagração da guerra — dois em 2019 e um em 2018.

Apesar de não terem ligação com o atual conflito, deputados da base e da oposição usaram as votações como palco para discutirem a guerra.

Durante a análise de um acordo sobre segurança pública entre os dois países, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) orientou a federação PT/PCdoB/PV a votar contra o projeto. Em seguida, contudo, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), defendeu a proposta e a bancada foi liberada.

O texto, entre outras coisas, prevê que os dois países devem identificar e implementar iniciativas conjuntas na área de segurança pública.

"Nós não temos nenhum problema com o conteúdo do acordo, até porque ele foi feito muito antes do conflito atual. Como também a Autoridade Palestina nos pediu para votar um PDL [acordo] que já está aqui há muito tempo sobre intercâmbio nacional. Nós não propusemos porque achamos que com duas áreas em conflito não cabe o Parlamento neste momento se posicionar porque não sabemos os desdobramentos disso", disse Jandira.

Apesar de nenhum deputado defender o Hamas, grupo responsável pelo ataque a Israel, o líder do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), disse "não poder acreditar que exista um brasileiro que defenda o grupo terrorista".

"Nós estamos estarrecidos com imagens chocantes, por exemplo, de uma refém israelense sendo estuprada por soldados do Hamas. Esse vídeo que está rodando aqui na Internet é uma coisa absolutamente estúpida. Não pode existir sinceramente, eu não posso acreditar que exista um brasileiro que defenda esse grupo terrorista Hamas, que matou brasileiros e que tem feito essa brutalidade. Talvez, uma das cenas mais chocantes que podemos observar numa guerra é uma mulher sendo violentada, estuprada, assim como crianças foram mortas", afirmou.

Ao orientar a favor da matéria, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), criticou o fato de, neste momento, "todas as matérias viraraem palanque dos extremismos."

"Todas as matérias agora neste momento passam a virar palanque dos extremismos que ainda refletem e são sólidos no nosso país na ultima eleição. Aqui tenho certeza que não há nenhum apoiador do Hamas. O povo israelense sofreu a maior atrocidade desde o holocausto e todos nós estamos lamentando. Mas do ponto de vista humanitário, ninguém pode deixar de levar em consideração o risco que civis, tanto de um lado quanto no outro, estão sofrendo", disse Isnaldo.

Também foram celebrados acordos sobre previdência social e serviços aéreos entre Brasil e Israel.
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