Comentarista da GloboNews explica que a comissão foi aberta para desgastar o governo Lula e que o resultado idealizado pela oposição não se concretizou. Miriam: Conseguiram evitar que CPI garantisse a mentira
O relatório final da CPI dos Atos Golpistas foi protocolado nesta terça-feira (17) e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pede o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares. Para a comentarista Míriam Leitão, da GloboNews, pelo que se mostrou até agora o relatório é corajoso, pedindo o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e parte do núcleo de governo dele — cinco ex-ministros e quatro ex-auxiliares — estão na lista.
Isso mostra uma reviravolta numa CPI que foi idealizada pela oposição para justamente atacar o governo Lula.
"Essa CPI tem que ser avaliada não pelo seu resultado, mas pelo primeiro cenário, de que seria uma fonte de desgastes para o presidente Lula. Ela foi defendida pela oposição e o governo, inclusive, resistiu. A oposição queria provar, primeiro, que (os atos golpistas) foram resultado dos erros do governo Lula e queriam desconectar o 8 de janeiro com qualquer outro ato no governo Bolsonaro. E isso caiu. Quem propôs a CPI e lutou por ela, a oposição bolsonarista, se deu muito mal nessa CPI", fala Míriam.
A comentarista explica que talvez não se obtenham provas robustas contra Jair Bolsonaro, mas por outro lado, a comissão evitou o que era o projeto da oposição em descaracterizar os ataques golpistas.
"Fica provado o óbvio, mas o óbvio estava em questão. Poderia ser uma CPI que garantisse a mentira, mas isso eles conseguiram evitar", completa.
LEIA TAMBÉM:
Relatório da CPI diz que 8 de janeiro foi 'obra do bolsonarismo' e 'ainda não terminou'; leia trechos
Próximos passos
Para ser aprovado, o documento com mais de mil páginas precisará dos votos da maioria dos membros da CPI mista de deputados e senadores — o que deverá ocorrer, diante da predominância de aliados do Planalto no colegiado.
O conteúdo do parecer aprovado é enviado a diversos órgãos que avaliam e decidem pela apresentação de denúncias baseadas nele. Entre as instituições para as quais o documento é encaminhado estão órgãos policiais, o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGU).