Lula também irá à Etiópia para participar da cúpula de líderes da União Africana. Conflito na Faixa de Gaza e ações de combate à fome estão na pauta da viagem. Avião presidencial decola para viagens ao Egito e Etiópia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou na tarde desta terça-feira (13) para o Cairo, capital do Egito, onde terá reuniões de trabalho com o presidente do país africano, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi.
Lula escolheu a África como destino de sua primeira viagem internacional de 2024. Após os compromissos no Egito, o presidente terá agendas de sexta-feira (16) a domingo (18) na Etiópia, que sedia a cúpula de chefes de estado e de governo da União Africana, que reúne 55 nações da região.
O Brasil tende a reforçar sua relação com Egito e Etiópia, já que os países estão entre os novos integrantes do Brics. Até o ano passado, o grupo que reúne economias emergentes era composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
Lula, que faz sua terceira viagem à África no atual governo, retomou a estratégia dos mandatos anteriores de reforçar a relação com países da região e de se apresentar como um dos líderes do chamado Sul Global nas negociações com nações e blocos mais ricos.
Guerra na Faixa de Gaza
Lula desembarca no Cairo nesta quarta-feira (14) e terá uma agenda particular. O presidente planeja uma visita às pirâmides de Gizé e ao museu nacional.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Lula faz sua segunda visita oficial ao Egito. A primeira foi em 2003, no primeiro ano do primeiro mandato do petista como presidente.
A viagem deste ano também ocorre no contexto do centenário das relações diplomáticas entre Brasil e Egito. Lula terá reuniões e um almoço com o presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi na quinta-feira (15), com a expectativa da assinatura de acordos bilaterais nas áreas de bioenergia e ciência, tecnologia e inovação.
Também na quinta, Lula irá à Liga dos Estados Árabes para uma audiência com o secretário-geral da entidade, Ahmed Aboul Gheit. Ele também participará de uma sessão extraordinária do conselho de representantes da liga.
Conforme o Ministério das Relações Exteriores, a guerra entre Israel e o Hamas será um dos tópicos das conversas entre Lula e Al-Sisi. O governo brasileiro manifestou "grande preocupação" com o anúncio recente de que Israel prepara uma ofensiva terrestre em Rafah, cidade que fica na fronteira com o Egito.
Os governos do Brasil e do Egito se aproximaram durante as negociações para retirar brasileiros da Faixa de Gaza. O Egito tem fronteira terrestre com Gaza e se tornou ponto de passagem para os repatriados em razão do conflito armado no Oriente Médio.
Lula, que defende a existência de um Estado para israelenses e outro para palestinos, tem criticado o ataque terrorista do Hamas, porém também se opõe ao tom da resposta de Israel, considerado exagerado pelo presidente brasileiro.
No Egito, o governo brasileiro também espera tratar da relação comercial, com a expectativa de que o país aprove nos próximos meses novos abatedouros e frigoríficos no Brasil para exportação de carne bovina. Em 2023, o Egito o diversificou as compras do Brasil e passou a importar peixes e derivados, carne de aves, algodão, gelatina e colágeno.
Cúpula da União Africana
Lula tem previsão de agendas de sexta-feira a domingo na capital da Etiópia, Adis Abeba. O presidente participará como convidado da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana.
A entidade formada por 55 países passou a integrar o G20, grupo presidido neste ano pelo Brasil. Lula era um dos defensores da entrada da União Africana no bloco, que já contava com as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia.
Lula deve aproveitar o encontro, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de governo, para ter reuniões bilaterais com líderes de países da região.
Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, colunista do g1, Lula também quer aproveitar o evento para avançar nas negociação que visam criar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O tema é uma das prioridades do Brasil à frente do G20.