Argino Bedin é investigado por suspeita de financiar atos como bloqueios em rodovias após eleições de 2022. Ministro Dias Toffoli atendeu parcialmente pedido da defesa de Bedin e entendeu que ele deve comparecer, mas pode ficar em silêncio. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional, que investiga os atos antidemocráticos de 8 janeiro, conhecida como CPI dos Atos Golpistas, ouve nesta terça-feira (3) o empresário Argino Bedin, suspeito de financiar ataques à democracia como bloqueios em rodovias após o resultado das eleições de 2022.
? Clique aqui para seguir o novo canal do g1 DF no
Na noite desta segunda-feira (2), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli concedeu habeas corpus parcial a Argino Bedin, após pedido da defesa. Pela decisão, Bedin deve comparecer, mas pode ficar em silêncio para não se incriminar.
"Entendo que o paciente não está dispensado da obrigação de comparecer perante a CPMI. Dessa maneira, defiro parcialmente o pedido de liminar para assegurar ao paciente o direito constitucional ao silêncio, incluído o privilégio contra a autoincriminação, para não responder, querendo, a perguntas potencialmente incriminatórias a ele direcionadas, bem como o direito de ser assistido por seus advogados e de comunicar-se com eles durante sua inquirição, garantindo-se a esses todas as prerrogativas previstas na Lei", afirmou Toffoli.
STF marca novos julgamentos dos atos golpistas de 8 de janeiro
Dois requerimentos foram apresentados à CPI para convocação do empresário Argino Bedin como testemunha. Todos da base do governo. Um da relatora da CPI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e outro do deputado Carlos Vera (PT-PE).
Em seu requerimento, Vera justificou que Bedin era depoente-chave para a CPI , uma vez que é investigado como possível financiador dos atos golpistas em inquérito no STF.
"Conhecido no estado do Mato Grosso como 'pai da soja', Argino Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes", afirmou Vera.
Essa decisão citada por Vera é de novembro do ano passado. Na ocasião, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias de Bedin e de outras 42 pessoas físicas ou jurídicas por suspeita de financiamento de atos ilícitos e antidemocráticos como os bloqueios de rodovias em todo o país após o resultado das eleições de 2022.
Relação com Lawand Júnior
O coronel do Exército Jean Lawand Júnior foi chamado para prestar depoimento à CPI dos Atos Golpistas após a descoberta de mensagens entre ele e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Na ocasião do depoimento, em 27 de junho, Lawand Júnior afirmou que o sogro era dono de um imóvel alugado pela empresa Mcam Brasil. Empresa essa que, segundo a relatora da CPI, é ligada a investigados por financiar os atos de 8 de janeiro.
Questionado por Eliziane, na época, sobre os donos da Mcam, o coronel disse desconhecer o quadro societário. "Nós não somos donos da empresa, somos donos do imóvel locado pela empresa".
Eliziane disse, durante a audiência, que a Mcam Brasil tem "ramificação" em uma cadeia societária de empresas e um dos proprietários desse conjunto de empresas é Argino Bedin, e a filha dele, Roberta. Ambos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por financiar os atos golpistas.
"Agora, o meu questionamento foi exatamente na linha de que, nessa empresa, na construção, por exemplo, do grupo de sociedade, há proprietários, há sócios que hoje constam do inquérito que trata da questão dos financiamentos dos atos do 8 de janeiro. Daí, portanto, a razão de eu fazer o questionamento junto ao senhor", concluiu a relatora no dia do depoimento de Lawand Júnior.
Perfil
Argino Bedin nasceu no Rio Grande do Sul, mas foi criado no Paraná. Ele chegou na cidade de Sorriso, no estado do Mato Grosso, em 1979 para trabalhar em 700 hectares de terra comprados pelo pai dele. Em 2015, Bedin e a família tinham aproximadamente 15,5 mil hectares de terras.
LEIA TAMBÉM:
8 de janeiro: STF condena mais três réus por atos golpistas
STF tem maioria para definir penas de 12 a 17 anos para cinco réus por atos golpistas